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Artigo interessante: De onde vem o risco?

Com economia baseada na exportação de matérias primas e moeda frágil, o Brasil acaba ficando vulnerável a turbulências e choques externos. Se o País se beneficia quando aumenta o apetite mundial por commodities, em particular minério de ferro e soja, como na década de 2000, o oposto ocorre quando a demanda arrefece, como agora. Alguns analistas afirmam que, mesmo se o Brasil estivesse internamente bem, com as contas equilibradas, não haveria garantia de prosperidade.

Entre os principais fatores que influenciam a economia mundial, estão queda do preço do petróleo, crise na Europa e possibilidade da saída da Grécia da Zona do Euro, recuperação da economia dos Estados Unidos, conflito entre Rússia e Ucrânia, e a desaceleração da economia da China, principal parceiro comercial do Brasil.

Para o economista Ricardo Eleutério, professor de economia internacional, esses eventos externos demonstram fragilidades macroeconômicas do Brasil. “As reações do mercado financeiro nacional e internacional têm revelado que o País está numa situação de vulnerabilidade”. Os efeitos, diz Eleutério, podem ser percebidos na inflação, no desequilíbrio das contas públicas, e na desvalorização do Real.

Já a recuperação da economia dos Estados Unidos, que a princípio favorece exportadores como o Brasil, poderá impactar negativamente na economia brasileira. A expectativa é de que quando o Banco Central norte-americano elevar sua taxa de juros, o investidor internacional passe a transferir recursos para lá, “por ser um mercado mais seguro”, diz o consultor internacional, Alcântara Macedo.

“Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado constante queda de investimento estrangeiro direto e indireto, reflexo da redução da atratividade. Isso posiciona o País dentro do grupo de emergentes que pioraram sua situação nos últimos anos, ao lado de Rússia e Índia”, disse ao O POVO Kyioshi Watari, vice-presidente da Marsh Brasil, líder mundial em corretagem de seguros. “Como nossas exportações são altamente dependente de commodities, a queda nos preços pode impactar na liquidez das empresas do setor, levando a prorrogação de pagamentos e até possível inadimplência”.

Com base em dados do Business Monitor International (BMI), a Marsh divulgou em dezembro um mapa de risco político para 2015. O Brasil ficou no bloco dos emergentes que não apresentam grandes oportunidades para investidores neste ano, com risco operacional médio, ao lado da Rússia e da África do Sul. Enquanto Angola, Chade, Guiné Equatorial, Irã e Venezuela foram classificados como sendo de “risco grave” de maior deterioração em seus perfis de risco político. Para 2015, o Brasil foi classificado na 54ª posição entre os 185 países analisados pela entidade.

Petróleo e Grécia

Entre as principais conclusões do estudo está o impacto da queda do preço do petróleo, de mais de 50% nos últimos meses. Watari avalia que no curto prazo a queda beneficia importadores, como Brasil. “Mas se persistir no médio e longo prazo poderá ter um efeito perverso em países exportadores-dependentes, como Venezuela”. O estudo aponta que, para 2015, a tendência é de aumento de riscos políticos pelo mundo. “Sanções econômicas (como as sofridas pela Rússia) podem ter efeito devastador”.

Já a potencial saída da Grécia da Zona do Euro, por si só, não afeta o Brasil. No entanto, se a crise na Europa se agravar, o País não ficará imune. “Existe uma situação de deflação na Europa, com apontamentos também na Alemanha. E tudo isso tem afetado o Brasil, que tem na Europa um importante importador”, diz o economista Célio Fernando.

SAIBA MAIS

A BMI entende que há motivos para ser cético quanto às possíveis reformas no Brasil e na África do Sul, onde os governos parecem menos comprometidos com as reformas econômicas.

A BMI é pessimista quanto às possíveis reformas econômicas na Rússia, em parte pelas sanções econômicas impostas pelos EUA e por outros governos ocidentais após a anexação da Crimeia à Rússia e a intervenção na Ucrânia Oriental. A entidade entende que o governo Putin está priorizando o estreitamento geopolítico.

O Brasil, segundo o mapa de risco político, passou para o bloco dos países emergentes que não apresentam grandes oportunidades para investidores, ao lado da Rússia e da África do Sul. O País está na lista de riscos político, macroeconômico e operacional médios para investimentos.

Leia mais em: http://www.opovo.com.br/app/opovo/dom/2015/02/21/noticiasjornaldom,3396189

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.