Após a crise, BTG encolhe e fica mais conservador
“Para nós, a crise é página virada”, disse ao Estado Roberto Sallouti, copresidente do BTG e braço direito de Esteves. A tradicional festa de fim de ano, que foi cancelada no ano passado porque Esteves estava na cadeia, será retomada na forma de um happy hour menos ambicioso, em algum lugar perto da sede do banco, na avenida Faria Lima, em São Paulo. Os bônus aos principais executivos estão garantidos – os de 2015 foram pagos com atraso –, e há até uma expectativa do mercado de que o banco retome pagamento de dividendos.
Quem se comporta como se o trauma de novembro de 2015 já estivesse superado é Esteves. Acusado de tentar atrapalhar as investigações da Lava Jato, ele ficou 24 dias no presídio Bangu 8 e deixou a presidência do BTG para não comprometer ainda mais a imagem instituição. Voltou em abril deste ano, mas na condição de maior acionista individual. Não tem direito a voto nem função executiva formal. Mesmo assim, senta com os colegas na grande sala de operações da casa no 12.º andar, participa ativamente das decisões estratégicas e faz reuniões com clientes.
Nas conversas mais descontraídas, fala sem mostrar rancor do período atrás das grades. Diz que se dava bem com todo mundo e algumas vezes ajudou colegas com conselhos sobre finanças pessoais. Já disse, também, que amadurecia a ideia de ajudar detentos que conheceu e que não tinham condições de pagar advogados.