BC ainda acredita que Morada pode ter comprador
Os Fundos de Investimento em Direito Creditório (FIDCS) do banco Morada estão fora do processo de intervenção, instaurado pelo Banco Central no fim de abril. Os FIDCS são fiscalizados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e são independentes.
Ontem o BC indicou os técnicos responsáveis pelos inquéritos junto às empresas do grupo, como Morada Viagens e Turismo Ltda, Morada Administradora de Cartões de Crédito Ltda e Morada Informática e Servicos Técnicos Ltda, todas com sede no Rio de Janeiro.
O Morada estava sob a mira do BC há pelo menos dois anos. Por diversas ocasiões a autoridade reguladora cobrou provisionamento do banco para fazer frente a riscos de inadimplência. A direção do Morada cumpria a determinação do BC, mas logo em seguida desfazia a provisão.
O BC ainda aguarda o trabalho de apuração do interventor para saber se a instituição, além dos problemas de gestão e de má governança, estava praticando irregularidades. Há indícios de fraude, mas não há ainda uma certeza em relação a isso.
O BMG, quando estava negociando a aquisição do banco Schahin, tentou comprar o Morada. Mas o tradicional banco carioca, que tinha somente uma agência e 41 funcionários, não dispunha de garantias para dar ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e a operação não pôde ser concretizada. O BC, porém, ainda espera que haja uma solução de mercado para essa instituição.
O patrimônio de referência do Morada era de apenas R$ 110 milhões e o banco, quando sofreu intervenção, estava com o patrimônio líquido negativo.
Mesmo que fiquem claras eventuais fraudes, o fato é que instituições de pequeno e médio portes, como o Morada, enfrentam descasamento crônico entre ativos e passivos desde a crise de 2008. Falta captação de recursos de mais longo prazo para financiar linhas de crédito para pessoas físicas.
As medidas mais recentes do BC, como aumento do requerimento de capital para a expansão do crédito e o aperto na regulação dos correspondentes bancários, pioraram a vida dos pequenos e médios bancos. Os correspondentes bancários é que davam capilaridade a esses bancos. Ao aumentar a fiscalização e as exigências para o funcionamento dos correspondentes bancários, o BC dificultou, indiretamente, a possibilidade dos pequenos e médios aumentarem suas carteiras de crédito.
Fonte: Valor Economico
