Órgão europeu chega a acordo com americano sobre regra de provisões
Os defensores de um processo de convergência para um único padrão contábil internacional – que inclua os Estados Unidos – tiveram ontem uma boa notícia.
O Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb), que emite as normas conhecidas como IFRS (usadas no Brasil), e o seu par americano Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb), responsável pelo padrão chamado de US Gaap, chegaram a um acordo inicial sobre a norma que vai explicar como devem ser feitas as provisões para perdas com empréstimos.
Um texto conjunto dos dois órgãos sobre o assunto, com uma abordagem baseada em inadimplência esperada, deve ser divulgado até o fim deste mês, para que os agentes de mercado possam fazer seus comentários.
Atualmente, tanto o IFRS como o US Gaap têm como base o conceito de perda incorrida para que uma entidade possa fazer provisões. Isso significa que, até que o tomador do empréstimo atrase um pagamento, o banco não pode se prevenir e informar que não espera receber todo aquele dinheiro de volta.
Durante a crise financeira recente, esse modelo sofreu diversas críticas, já que os balanços teriam demorado a refletir perdas que podiam ser previstas.
Seguindo modelos diferentes, tanto o Iasb quanto o Fasb já haviam informado que pretendiam mudar para o sistema de perda esperada, usado atualmente pelo Banco Central do Brasil. A novidade agora é que, depois de uma primeira rodada de comentários recebidos do mercado, os dois órgãos decidiram fazer um pronunciamento conjunto sobre o tema.
Conforme comunicado divulgado ontem pelo Iasb, eles esperam que os agentes de mercado contribuam com sugestões de como tornar operacional esse sistema de registro de perdas esperadas, para que ele seja útil aos leitores dos balanços.
Diante das visões ainda bastante distintas de Iasb e Fasb sobre a abrangência da contabilização de instrumentos financeiros pelo valor justo, é de se ressaltar a concordância nesse ponto.
Uma mudança na contabilidade das provisões tinha sido pedida tanto pelo G-20, grupo de líderes dos 20 países mais influentes do mundo, como pelo Comitê de Basileia, de supervisão bancária.
Fonte: Fernando Torres, Valor Economico