Controles internos só valem em época de crise?

Em momentos de crise e revisão de orçamento, muitos lembram de fazer controles, ou melhor implementar controles, para facilitar a gestão dos negócios, mas quando o faturamento esta alto nem precisamos de controles, não é verdade? Bom, como já falo de controle interno há muito tempo e quando a receita financeira das empresas sofre redução a busca pelo controle aumenta, mas se você nunca se preocupou com isso, montar algo do nada, dá um trabalho, afinal muitos não possuem seus processos mapeados, em muitos casos nem sabem o que algumas pessoas fazem, não tem procedimentos e normativos definidos e homologados e são dependentes ao extremos de pessoas, e quando eles se vão ou ficam temporariamente ausentes, é o caos.

Somente contar com profissionais capacitados para validar, auditar e monitorar os negócios e as contas da empresa, e se sobrar tempo fazer uma gestão de risco dos negócios, sai caro e não é tão simples assim, e olha que alguns profissionais insistem em fazer o compliance digital, dizendo que é uma ferramenta indispensável para o controle administrativo e financeiro das organizações, até a página sete.

Se não entendermos como são realizadas as atividades e como os processos são tratados, não há compliance, controles internos e gestão de riscos no mundo que sobreviva, devemos ser mais ativos e menos superficiais, afinal como posso validar um procedimento se nunca acompanhei o fluxo ou a operação? Só por milagre, mas vai depender de sua fé.

Agora falar que o compliance tecnológico (e-mail) é uma ferramenta de controle interno e risco, é preocupante a metodologia, e dizem por aí que também auxilia no controle anticorrupção, então é acreditar que todo mundo é honesto e ninguém executará nenhuma atividade fora do padrão.

Temos evidencias que compliance de computador, digo a distância, não funciona muito bem, pois a distância todo mundo cumpre as regras, mas quando estamos “em loco”, descobrimos uma realidade muito diferente daquilo que desenhamos para os processos. Algumas politicas de conduta e ética proíbem o recebimento de brindes/presentes, será que ninguém de sua empresa que implementou a politica de “tolerância zero” recebeu um ingresso da copa do mundo de fornecedor ou cliente?

Será que nós como profissionais de compliance, controles internos, riscos e auditoria podemos afirmar 100% que as negociações estão em conformidade com as regras internas e legais? Isso não podemos garantir, mas devemos conscientizar as pessoas e principalmente a alta administração.

Entretanto, para verificar se a empresa esta cumprindo todas as normas legais e regulamentares, se estão funcionando em conformidade com as políticas e diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades, deveríamos trabalhar em conjunto, por esse motivo digo a todos que devemos fortalecer o processo de gestão, colocar em um programa de trabalho, compliance, controles internos, riscos e auditoria interna, afinal uma força tarefa com uma equipe multidisciplinar, possa realmente, detectar qualquer desvio ou inconformidade dos processos, e fazer com que a empresa fique menos exposta possível, afinal a responsabilidade na gestão de compliance e controles internos é de todos, mas será que eles realmente entendem isso?

* Marcos Assi é professor e consultor da MASSI Consultoria – Prêmio Anita Garibaldi 2014, Prêmio Quality 2014, Prêmio Top of Business 2014 e Comendador Acadêmico com a Cruz do Mérito Acadêmico da Câmara Brasileira de Cultura, professor de MBA na FIA, FECAP, Saint Paul Escola de Negócios, UBS, Centro Paula Souza, USCS, Trevisan Escola de Negócios, entre outras, autor dos livros “Controles Internos e Cultura Organizacional”, “Gestão de Riscos com Controles Internos” e “Gestão de Compliance e seus desafios” pela Saint Paul Editora. www.massiconsultoria.com.br