Notícias

Assessorar processos de fusões e aquisições, coordenar emissões de títulos RF, é o ‘Efeito BTG’ que atrai bancos médios

A trajetória declinante das taxas de juros e as perspectivas para a economia brasileira têm levado instituições financeiras de médio porte a se aventurar como bancos de investimento.

Cada um à sua maneira, os bancos Pine, Modal, Fator, Indusval, ABC e BVA montaram equipes para assessorar processos de fusões e aquisições, coordenar emissões de títulos de renda fixa e estruturar financiamentos de projetos. Alguns planejam atuar até mesmo no seleto mercado das ofertas de ações.

Em comum, todos ambicionam se tornar o próximo BTG Pactual, o banco controlado por André Esteves que figura nas primeiras colocações de todos os rankings do setor e captou R$ 3,6 bilhões em sua oferta inicial de ações, em abril.

A tarefa não é nada fácil. Os serviços de bancos de investimento são baseados em relacionamento e contratação de talentos. Grandes bancos também têm a favor sua marca e a possibilidade de financiar as operações que os seus clientes levam a mercado. Não por acaso, dominam o setor, além do próprio BTG, os “bancões” Itaú BBA e Bradesco BBI e casas globais como Credit Suisse e Goldman Sachs.

Mas a avaliação dos bancos médios é que existe, sim, um espaço a ser explorado. A leitura deles é que vão se intensificar, nos próximos anos, as fusões e aquisições e as emissões de títulos de renda fixa e variável envolvendo empresas médias, com faturamento de até R$ 2 bilhões. Os grandes bancos de investimentos não costumam canalizar seus maiores esforços para esse segmento.

A instituições do chamado “middle market” já concedem crédito a essas empresas. A aposta é que podem se beneficiar desse relacionamento para oferecer novos serviços, cobrando comissões interessantes para eles, mas que não atrairiam um grande banco.

“O efeito BTG obviamente existe, mas o Brasil vive um processo de ascensão de empresas médias que é uma oportunidade”, diz Eduardo Centola, que assumiu em abril o comando da área de banco de investimentos do Modal.

“Esse mercado está subaproveitado pelos bancos grandes. Faltam braços e falta interesse”, avalia Paulo Saba, diretor de banco de investimentos do Pine. Na semana passada, a instituição coordenou sua primeira operação de “project finance” – um financiamento de R$ 52 milhões, com prazo de dez anos, para a Amyris Brasil, do setor de produtos químicos e combustíveis.

Há outro fator em jogo. Os serviços de assessoria financeira atraem as instituições médias porque representam uma fonte de receitas sem, necessariamente, requerer o uso de capital. Num momento em que os bancos têm de elevar suas reservas de capital para cumprir as exigências de Basileia 3, atuar em negócios que não comprometam o balanço tende a ser interessante.

Ao mesmo tempo, os custos de captação para os bancos estão em alta – especialmente depois dos problemas no Cruzeiro do Sul -, enquanto as margens andam espremidas.

“Os spreads para operações de crédito já não são mais os mesmos e a inadimplência não tem caído de forma proporcional. Os bancos estão migrando para negócios com melhor margem”, afirma Cristiano Ayres, sócio do Modal.

Os projetos de cada banco guardam diferenças importantes. Algumas instituições apostam na contratação de nomes com experiência em outros bancos de investimento para dar peso à nova área. É o caso do próprio Modal, que trouxe Centola, egresso do UBS. O Pine chamou Saba, vindo do Banco Espírito Santo, e dois ex-diretores da BM&FBovespa.

No Fator, Venilton Tadini subiu da diretoria de banco de investimentos para a presidência da instituição e passou a dar mais peso à área de originação para tirar os resultados do vermelho. No Indusval, o redirecionamento começou com a chegada do fundo Warburg Pincus e de Jair Ribeiro, fundador do banco Patrimônio nos anos 1980.

O BVA aposta em sua própria força de vendas para captar negócios. O banco treinou sua equipe de gerentes para oferecer operações estruturadas às empresas. “Temos 5 mil clientes, 120 deles com potencial para usar esses serviços”, diz Ivo Lodo, sócio da instituição. Segundo ele, o BVA está com seis mandatos de compra e venda de empresas em andamento. São companhias com receita de R$ 60 milhões a R$ 400 milhões.

Esse é o perfil típico das empresas em fase de consolidação no Brasil, afirma Alexandre Pierantoni, sócio da consultoria PwC. Embora tenham menos visibilidade que os grandes negócios, as operações típicas de fusões e aquisições no país giram entre US$ 70 milhões e US$ 80 milhões. “Isso acontece há alguns anos. Mas, agora, tem provocado maior concorrência entre os bancos”, diz.

Porém, nem todas as instituições médias veem atratividade na criação de um banco de investimento. “Não vamos partir para esse tipo de serviço. É um negócio para grande nomes, com tradição na área”, diz Morris Dayan, diretor-executivo do Daycoval.

© 2000 – 2012. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. .

Leia mais em:

http://www.valor.com.br/financas/2778170/efeito-btg-atrai-bancos-medios#ixzz22rEJTh1a

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.