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Suíça discute risco à sobrevivência do Credit Suisse

A sobrevivência do Credit Suisse, o segundo maior banco da Suíça, estaria em xeque se concretizadas as ameaças que vêm sendo acenadas pelos Estados Unidos. Ao menos é dessa forma que o episódio vem sendo encarado na Suíça. Acusado de ter favorecido a evasão fiscal de milhares de cidadãos americanos, o Credit Suisse está na mira de uma ação penal nos EUA, que viria com a retirada eventual de sua licença para operar no maior mercado financeiro do planeta e uma pesada multa variando de US$ 1 bilhão e US$ 3 bilhões.

“Os EUA ameaçam a sobrevivência do Credit Suisse”, resumiu em manchete de primeira página o jornal “Tribune de Geneve” em sua edição de ontem. O jornal fala de “terror na Paradeplatz”, onde fica a sede do grupo, em Zurique. Considera-se que agora o risco não é nem mais a multa, mas o de ficar fora do mercado dos EUA, quase vital para o grupo como um todo.

A TV suíça de língua francesa abriu seu telejornal noturno de ontem também abordando a ameaça à sobrevivência do Credit Suisse diante de uma ação penal iminente nos EUA.

Para ampliar os temores nos meios bancários do país, o ministro de Justiça dos EUA, Eric Holder, disse ontem que “nenhum banco está acima das leis”. E mencionou “algumas instituições financeiras engajadas em malversações”.

A ministra de finanças da Suíça, Eveline Widmer-Schlumpf, esteve em Washington na semana passada, amargando sua parte de humilhação. Ela pediu a autoridades americanas para os bancos suíços não serem mais punidos do que outros.

A TV suíça informou que o governo continua tentando um acordo com os EUA, pelo qual o Credit Suisse faria confissão de culpa pela evasão fiscal, receberia uma pesada multa, mas escaparia da ação penal que poderia ameaçar sua sobrevivência. A ação do banco caiu ontem 2,32% na bolsa de Zurique, o que foi recebido como um alívio nos meios financeiros e sinal de que certos setores acreditam que o pior poderá ser evitado.

Por seu lado, o principal executivo do Credit Suisse, Brady Dougan, afirmou que o banco já fez provisões “adequadas”, em torno de US$ 900 milhões, para pagar multas. “É difícil prever exatamente quanto custará uma solução”, disse ele. O executivo insistiu que o banco coopera com os EUA e fornecerá milhares de documentos às autoridades fiscais.

O banco também separou os ativos problemáticos em uma empresa à parte, criada no fim do ano passado. A CS International Advisors, subsidiária integral do Credit Suisse, foi criada em dezembro com uma licença bancária da Suíça. Em fevereiro, o grupo transferiu a ela os negócios transacionais dos Estados Unidos, segundo documentos disponíveis no Registro Comercial do Cantão de Zurique.

O principal interesse das autoridades americanas não é afundar o banco, e sim obter os nomes de milhares de clientes americanos suspeitos de evasão fiscal. O Credit até agora só forneceu 238 nomes dos 22 mil que deveria proteger.

O drama que a praça financeira helvética está sofrendo agora é ainda pior que o caso que envolveu o UBS, o maior banco do país, em 2009. Na ocasião, o banco levou multa de US$ 780 milhões e ameaça de perder sua licença bancária nos EUA.

A situação foi atenuada com a obtenção pelos EUA de uma lista de 300 nomes de americanos detentores de contas na Suíça. Mas o litígio continuou porque os EUA exigiam uma lista de 52 mil titulares de contas na Suíça.

Em junho de 2010, o governo suíço aceitou fornecer aos EUA uma lista de clientes americanos com conta em bancos helvéticos e suspeitos de evasão fiscal. Mas, desde então, o governo continua a insistir que a única via legal válida para dar as informações bancárias era uma convenção bilateral de dupla imposição de impostos, assinada em 2009.

Parlamentares americanos se opõem, porém, à ratificação dessa convenção. O senador democrata Carl Levin, do Michigan, não cessa de denunciar a “moleza” do Departamento de Justiça em relação ao Credit Suisse.

Ontem, assessores e advogados do banco continuavam reunidos à noite em Zurique, examinando todos os cenários possíveis. (Com Bloomberg)

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.