Santander avalia assumir banco Cruzeiro do Sul e negociações ganham mais um dia
Um candidato até então tido como improvável negociava na noite de ontem assumir o controle do Banco Cruzeiro do Sul, sob intervenção do Banco Central (BC), e as negociações ganharam mais um dia.
O Santander Brasil, de capital espanhol, mantinha conversas com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), o administrador do Cruzeiro nomeado pelo BC, na tentativa de chegar a um acordo.
Se não houver acordo, o Cruzeiro deve ser liquidado. Ontem era a data-limite dada pelo FGC para se chegar a um modelo de salvamento para o banco. Mas o fundo informou ao mercado que estendeu até às 18h de hoje (horário de Brasília) o prazo para a compra de bônus que estão nas mãos de investidores locais e estrangeiros, uma das condições para viabilizar a venda do banco, confirmando informação publicada pelo Valor.
O Santander foi um dos bancos que acessou o “data room” da venda do Cruzeiro. Mas desde o princípio do processo demonstrava pouco ou nenhum apetite pela transação porque o modelo de negócios do Cruzeiro, de venda de crédito consignado por meio de correspondentes bancários, fora da rede de agências, não agrada o banco espanhol. É possível, portanto, que o Santander tenha enxergado alguma vantagem exclusivamente financeira na operação.
O FGC havia fixado a sexta-feira, 7 de setembro, como prazo final para que eventuais interessados apresentassem suas propostas. No entanto, ninguém se manifestou. A partir daí, o FGC passou a procurar alguns dos bancos que haviam acessado o “data room” para ouvir deles se reconsiderariam a transação caso obtivessem melhores condições.
A aposta de analistas e banqueiros era que, se alguém fosse assumir o Cruzeiro, seria Bradesco ou BTG Pactual.
O FGC tinha até uma da manhã de hoje pelo horário de Brasília (meia-noite em Nova York) para fechar a oferta de compra de bônus de dívida externa do Cruzeiro. Ontem, o Fundo renegociou a extensão desse prazo para hoje, na esperança de concluir a venda do banco para o Santander. A oferta foi coordenada por Bank of America Merrill Lynch e HSBC. No processo de venda do controle o FGC não conta com assessoria financeira externa.
O sucesso da oferta de bônus e a compra do controle por outra instituição eram as duas pré-condições que precisavam ser alcançadas simultaneamente para que o Cruzeiro não fosse liquidado.
Segundo pessoas a par do tema, a adesão à oferta de compra dos bônus, com desconto médio de 49,3% sobre o valor de face, superou 80% e se aproximou dos 90% fixados como piso pelo FGC. O Fundo considerou esse percentual de adesão suficiente.
© 2000 – 2012. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A.
Leia mais em: