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Quantas Marianas e Brumadinhos teremos que vivenciar?

Neste final de semana, li, ouvi e assisti muita gente expressando suas opiniões com emoção, sentimento, rancor e revanchismo, mas será que é este o caminho?

Gostaria de aproveitar o momento e não o fato, pois tudo que aconteceu tem como base as empresas, governantes, legislação, falta de capacidade, e principalmente ausência de avaliar como se deve, sem pensar somente nos resultados financeiros, que ao meu modo de ver, não podem ser deixados de lado, mas os processos e formas de se fazer acontecer devem ser avaliados.

Quando falamos que a alta administração deve acompanhar e apoiar a implementação de controles internos, compliance e riscos, podemos afirmar sem medo de errar, que tudo ficaria muito mais produtivo, nestas horas todo mundo apresenta soluções magicas para melhoria de processos e gestão de negócios, inventam certificações, inventam regrinhas que não se sustentam, inventam siglas que ninguém entende entre outras coisas, mas para melhorar os processos não vejo tantas evidencias.

Acredito que a solução mais pratica seria gerenciar as condutas e aprimorar as posturas de  todos sejam empresários, legisladores, fiscalizadores e a própria população que poderia cobrar que a gestão de riscos realmente fosse implementada, pois somente com mudanças na forma das pessoas agirem nos negócios, teríamos um mundo bem melhor, mas sempre tem alguém pagando uma taxa de agilização de serviços, uma taxa de aceite em concorrência de negócios, uma taxa de facilitação de processos, uma taxa de inibição de visão mais profunda de falhas e erros, uma taxa de comprometimento nas atividades fora do padrão, conseguiu identificar algumas delas?

Se todas as organizações fossem engajadas com a missão, objetivos e regras da empresa, das leis de proteção das pessoas, muita coisa seria diferente, mas quando ocorrem “acidentes” como os da Boate Kiss – RS, Barragem de Fundão – MG, Barragem de Brumadinho – MG, as pontes da Marginal de Pinheiros – SP, entre outros casos, onde os interesses pessoais sobrepõem os corporativos e das comunidades, não adianta publicar leis e ISO’s de Continuidade, de riscos, processos, de compliance, pois desta forma não tem controles internos, compliance e gestão de riscos que deem jeito. Gostaria de evidenciar que estou generalizando, existem empresas com administradores, gestores e colaboradores engajados, nossa critica vai para aquelas que não estão próximas a atender as principais práticas de governança.

O desgaste é muito grande na implementação de uma gestão de riscos e compliance focadas nas boas práticas de governança corporativa, afinal não basta ter profissionais especializados dentro da organização se não são ouvidos, pois ser preventivo é ser um processo que pode incorrer em custos excessivos se a implementação não possuir questões técnicas e soluções aplicáveis ao tamanho e porte do negócio, a organização necessita fazer a sua parte junto a clientes, fornecedores, colaboradores, comunidade, e todas as partes interessadas, como fazer algo errado de grandes proporções e olhar para esposa, filhos, pais, amigos, investidores, sócios, empregados? Pense nisso, se ainda possui o mínimo de conduta e caráter pessoal.

Tudo isso passa por processos de conduta, ética, conformidade, riscos, controles internos, continuidade, crises entre outros. Será que uma auditoria ou uma fiscalização voltada para a proteção de vidas e do negócio seriam uma das soluções? E as falhas continuam acontecendo, seria por falta de supervisão ou falta de conduta nos negócios? Penalidade, punições, mudanças nas leis, será que precisamos mudar o que mais nas organizações? Leis já temos, faltam ser seguidas, afinal por exemplo o que aconteceu com o processo da Boate Kiss? E o pessoal de Mariana, vitimas de um rompimento de barragem ocorrido em 2015, que segundo avaliações, cinco vezes maior que a de Brumadinho, culpar governantes não basta, devemos identificar quem realmente “(fr) agilizou” o processo, devemos punir exemplarmente que por mais boa vontade que tenha, precisam ser mais responsáveis na gestão seja ela pública ou privada.

Deixo aqui meus sinceros sentimentos a todos que perderam alguém, ou simplesmente tiveram encerrados seus sonhos de vida, por mais um evento gerado pelo próprio homem, pois os eventos da  natureza não possuem maneiras de serem evitados, somente tentamos minimiza-los, mas quando somos os causadores das dores das pessoas, alguém ou algumas pessoas devem ser responsabilizadas pela negligencia de alguma lei ou modelos de negócio, portanto quantas Marianas e Brumadinhos teremos que vivenciar?   

* Marcos Assi é professor e consultor da MASSI Consultoria e Treinamento – Prêmio Anita Garibaldi 2014 e Prêmio Giuseppe Garibaldi 2016, Comendador Acadêmico com a Cruz do Mérito Acadêmico da Câmara Brasileira de Cultura, professor de MBA na FECAP, Saint Paul Escola de Negócios, Centro Paula Souza, UNIMAR, FADISMA, SUSTENTARE, entre outras, autor dos livros “Controles Internos e Cultura Organizacional”, “Gestão de Riscos com Controles Internos”, “Gestão de Compliance e seus desafios” e “Governança, riscos e compliance” pela Saint Paul Editora e “Compliance como implementar” pela Trevisan Editora.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.