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Por que a HP teria deixado passar uma fraude bilionária

Além de uma visão clara de oportunidade e estratégia de negócio, comprar uma empresa requer um cuidado primordial com a investigação da saúde financeira do alvo. Esmiuçar cada detalhe contábil, exaustivamente, é parte essencial do jogo e muitas vezes é o que define se a transação vale a pena ser feita ou não. Não verificar as contas é um erro inadmissível.

O comunicado da HP sobre a descoberta de uma fraude contábil bilionária atribuída à aquisição da empresa de software Autonomy levanta, então, a seguinte questão: como uma das maiores companhias do mundo poderia ter cometido tal erro?

Segundo uma entrevista do fundador da Autonomy, Mike Lynch, ao The Wall Street Journal o motivo tem pouco a ver com negligência e mais com desempenho. O fundador da companhia de software supostamente responsável por afundar a HP em 12,7 bilhões de dólares em dívidas nega completamente as acusações e rebate com a seguinte afirmação:

“Eu não consigo entender como você pode perder 9 bilhões em valor e dizer que de alguma forma isso tudo foi causado por algo que você não percebeu quando você manteve diligências com 300 pessoas. Isso teria que ser algo como um grande elefante para se deixar passar.”

Lynch acredita que acusar de erros contábeis uma empresa adquirida em 2010 em um momento em que a HP passa por dificuldades de operação soa bem estranho. Para ele, tal denúncia teria sido feita pela empresa para abafar a maneira com que a gestão vinha sendo mal feita nos últimos anos.

O executivo alegou ter ficado sabendo das denúncias ontem pela imprensa e afirma que a Autonomy esteve dez anos listada na bolsa americana até passar por uma minuciosa avaliação da Deloitte antes da compra pela HP. A transação foi feita sob o comando do então CEO Leo Apotheker, deposto depois de uma curta e tumultuosa liderança na empresa.

Além da auditoria severa feita pela Deloitte, e da aprovação das contas pelo conselho fiscal da HP, a compra da Autonomy teria envolvido cerca de 300 funcionários da companhia de tecnologia e consultores da KPMG antes de ser concluída. Um aval da Barclays também fez parte do processo de diligência, comum em grandes negociações como essa.

“Isso sem contar que a empresa tem de acompanhar e auditar os números de seus balanços a cada trimestre”, afirmou Lynch. Por esse motivo, o executivo afirma não entender por que a HP encontraria tais erros apenas agora, mais de um ano após a aquisição.

Para ele, também não ficou claro como a empresa ficou sabendo de tal fraude. A HP afirmou apenas ter começado uma investigação interna sobre o possível erro depois que um membro sênior da Autonomy ter comentado sobre “práticas questionáveis de contabilidade do negócio”.

“Parece muita coincidência tal fraude ter sido descoberta junto à divulgação dos piores resultados da HP nos 70 anos de história da companhia”, afirmou.

Pior da história

A HP apurou um prejuízo de 6,85 bilhões de dólares em seu quarto trimestre fiscal, encerrado em 31 de outubro, o pior de toda sua trajetória. Há um ano, a empresa apresentava um lucro líquido de 239 milhões de dólares.

A possível irregularidade contábil e os gastos com a reestruturação da companhia fizeram com que a empresa registrasse uma perda líquida de 12,650 bilhões de dólares em seu exercício terminado ao final de outubro, contra um lucro de 7,070 bilhões obtidos um ano antes. Entre julho e outubro, a HP registrou receita líquida de 29,95 bilhões de dólares, queda de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A HP afirma em comunicado que alertou o regulador da bolsa norte-americana, a Securities and Exchange Commission (SEC) e as autoridades britânicas competentes (o Serious Fraud Office), requerendo a abertura de uma investigação. Ainda assim, presidente executiva da companhia, Meg Whitman, admite que a resolução do caso possa levar anos.

Fonte: Tatiana Vaz, Exame.com

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.