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Petros financiou sócios do BVA

Os sócios do Banco BVA se valeram de recursos da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, em parte do processo de capitalização da instituição. O BVA, que está desde a última sexta-feira sob intervenção do Banco Central, possui um passivo a descoberto de R$ 550 milhões.

A Petros investiu R$ 51 milhões em cédulas de crédito bancário (CCB) emitidas pela V55 Empreendimentos, uma das empresas criadas pelos principais sócios do BVA – José Augusto Ferreira dos Santos e Benedito Ivo Lodo – para injetar recursos no banco. O saldo a ser pago dessa CCB, que vence em junho de 2013, é estimado em pouco mais de R$ 20 milhões. Com a intervenção no BVA, os bens dos acionistas, incluindo a V55, ficaram indisponíveis.

Os sócios do BVA levantaram pelo menos R$ 150 milhões com a emissão de CCBs de empresas criadas exclusivamente para capitalizar o banco, conforme apurou o Valor. Os recursos foram levantados por outras duas empresas além da V55: a Bolero Participações e a Cartagena. Os papéis desta última estão nas mãos de um fundo de investimentos.

Questionados, os ex-controladores do BVA informaram que o fundo de pensão sempre teve ciência de que a V55 era uma empresa dos sócios do banco e também do destino dos recursos. Eles destacaram ainda que a capitalização teve a aprovação do Banco Central. Procurada, a Petros não havia respondido ao pedido de entrevista até o fechamento desta edição.

O investimento nos papéis da V55 rendia para a Petros o equivalente à variação do IPCA mais 13% ao ano, bem acima da meta atuarial de 6% da fundação. A posição na V55 representava 5,5% do total de CCBs detidos diretamente pelo fundo de pensão.

Para os sócios do BVA que assumiram a dívida para capitalizar a instituição, a operação seria lucrativa se o retorno do banco se mantivesse acima do rendimento oferecido pelas CCBs. A estratégia começou a dar errado em 2011, quando o BVA registrou uma rentabilidade de apenas 10,1%, ante 24,4% e 30,5% nos anos anteriores.

Segundo os ex-controladores do BVA, boa parte das CCBs já foi paga e não havia nenhum vencimento imediato. “Os pagamentos serão honrados na época do vencimento”, acrescentaram, em resposta ao questionamento feito pelo Valor. Os papéis receberam classificação “BB” da Austin Rating.

Além das CCBs, a Petros mantinha investimentos em fundos de recebíveis com lastro em operações de crédito do BVA. No fim do ano passado, a fundação possuía R$ 86,4 milhões em cotas dos chamados fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC). A cessão de carteiras para esses fundos é uma prática comum entre os bancos de médio porte para antecipar receitas e abrir espaço no balanço para novos financiamentos.

A Petros possui ainda R$ 83 milhões em três fundos da Vitória Asset Management, gestora de um dos sócios do BVA. A carteira desses fundos é composta principalmente por CCBs de empresas que receberam crédito do banco.

Antes dos problemas que levaram à intervenção, o BVA vinha em um ritmo forte de crescimento dos ativos, calcado em empréstimos de longo prazo a empresas com alto perfil de risco, segundo fontes que avaliaram a carteira da instituição. Para fazer frente à expansão, o banco passou por várias rodadas de capitalização, que incluíram, além das CCBs, captações de dívida subordinada – instrumento que se aproxima de capital – e o aporte de um fundo de participações. De acordo com o último balancete enviado ao Banco Central, em junho, o BVA possuía patrimônio líquido de R$ 665 milhões.

Fonte: Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.

5 thoughts on “Petros financiou sócios do BVA

  • Regina

    Professor,

    Minha irmã aplicou no BVA os recursos dos seus filhos menores oriundos dos bens havidos pelo falecimento do pai.
    Com a intervenção pelo Banco Central, quais as conseqüências possíveis, seus filhos perderão o dinheiro?Não sabemos oque acontece com os valores investidos pelos clientes, gostaria de sua opinião inclusive porque certamente já acompanhou casos semelhantes,.
    O que aconteceu de fato com os recursos que estavam aplicados nos Bancos que sofreram intervenção ?
    Agradeço antecipadamente seus comentários e creio que interessará para muitas pessoas.

  • Prezada Regina,

    Infelizmente sempre fica complicado e quem sofre são os correntistas, o FGC garante até R$ 70 mil, acima disso fara parte da massa falida do banco e aguardará o recebimento dos empréstimos existentes, pois os devedores do banco continuam pagando e com certeza tentarão efetuar o levantamento dos bens dos gestores responsáveis pelo banco para cobrir as dividas, portanto pode demorar um pouco. Oriento a buscar suporte juridico para sua irmã e para todos os clientes que estão na mesma situação, digo com suas economias bloqueadas.

  • Edilson

    Professor Marcos Assi,

    Estou numa situacao smilar a da irma da Regina acima e imagino a angustia pela qual ela deve estar passando. Ate agora, mesmo pesquisando nos comunicados do site do FGC, nao consegui identificar como requerer restituicao dos R$70 mil por CPF assegurado pelo fundo e quando poderei contar com o pagamento. Ja entrei em contato com o FGC mas ele sao vagos nas respostas.
    Voce sugere buscar suporte juridico, qual especialidade de advogado devo buscar para esse fim.

    Desde ja agradeco.

  • Regina

    Professor Marcos,
    Muito obrigada pela atenção, pela resposta e sugestão.
    Regina

  • Edilson,

    Eu acredito que seja de Direito Civil e busque suporte pois o processo é doloroso.

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