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Pão de Açúcar precisa integrar operações da Casas Bahia

Os resultados do grupo Pão de Açúcar no segundo trimestre deixaram claro algumas movimentações estratégicas da empresa a curto prazo. Ao mesmo tempo em que precisa consolidar a integração das operações com a Casas Bahia nos próximos meses, e planeja ampliar o crescimento orgânico da Globex no segundo semestre, a companhia terá que driblar os efeitos do desaquecimento do varejo no país.

Isso ficou evidente no recado dado por Abilio Diniz em teleconferência com analistas ontem pela manhã. “Estamos em um ano bom, mas o mercado está um pouco mais desaquecido. À medida que os meses passam, existe maior dificuldade em fazer venda”, disse. A situação mudou e Diniz acredita que quem estiver mais bem preparado pode sair desse cenário fortalecido. “É um ano mais difícil porque não temos os mesmos eventos de 2010, como Copa do Mundo e isenção de IPI, e ainda há pressão inflacionária. Mas achamos que a empresa está bem preparada”, disse, no mesmo tom, Enéas Pestana, presidente do grupo.

A questão é que o Pão de Açúcar tem que lidar com um cenário em mutação. A rede precisa tomar uma série de medidas para se expandir organicamente em um momento de perda de vigor da demanda doméstica. Para ficar em só um exemplo, o grupo toca um projeto de troca das bandeiras das lojas CompreBem e Sendas pelos supermercados Pão de Açúcar e Extra. Mais de 140 lojas mudaram de bandeira e no terceiro trimestre isso será feito nas 66 lojas restantes.

E isso acontecerá enquanto precisam ser definidos alterações no modelo comercial da Casas Bahia – que difere daquele adotado na Globex, responsável pelos negócios de produtos duráveis do grupo. “Precisamos fazer os ajustes quando o mercado vai bem ou vai mal. Já estávamos preparados para isso, é um desafio e vamos fazê-lo”, disse ontem Hugo Bethlem, vice-presidente-executivo do grupo.

Os números indicam que essa união de estruturas com a Casas Bahia tem custado ao caixa, como já se previa, e afetado o lucro líquido e a margem da operação. Os números publicados mostram que no segundo trimestre do ano o lucro líquido consolidado do grupo Pão de Açúcar somou R$ 91 milhões, com margem líquida de 0,8%. Os resultados do braço alimentar e da operação de bens duráveis (Globex) sofreram impacto dos gastos da associação com Casas Bahia na soma total de R$ 46,7 milhões de abril a junho.

Excluindo esse valor já líquido de Imposto de Renda, o lucro líquido ajustado do grupo seria maior, de R$ 157 milhões, com margem de 1,4%. No primeiro semestre, o lucro de R$ 223,4 milhões passaria a quase R$ 297 milhões, excluindo os gastos não recorrentes da união com a Casas Bahia.

“Até setembro nós temos despesas a serem computadas, mas a partir de setembro isso fica bem menor e aí vai ser um ganha-ganha”, diz Orivaldo Padilha, diretor financeiro da Globex.

Mudanças têm que acontecer porque há discrepância nos formatos entre a Globex e a Casas Bahia. Quando as duas se associaram, 55% das vendas da Casas Bahia eram feitas sem juros e em dez parcelas. Com isso, ela perdia a chance de ampliar a receita financeira e ainda tinha o custo de financiar esse recebível no mercado. Dados do segundo trimestre mostram que essa taxa caiu para menos de 50% hoje. Mais vendas têm acontecido com o pagamento de juros.

Se conseguir colocar a operação da rede dentro do modelo comercial do grupo, a união das estruturas pode ser crucial para a companhia sair menos abatida de uma piora no cenário econômico a partir de 2012, avaliam analistas do setor.

Dados publicados ontem mostram que, com a rede incorporada ao negócio, o grupo Pão de Açúcar ampliou em 61,5% as vendas líquidas de abril a junho. Sem a Casas Bahia, essa alta seria de 15,5%.

“O Pão de Açúcar tem alguma vantagem em parte, porque o vice-líder Carrefour está num momento difícil no país. E o WalMart tem bem menos escala”, diz Claudio Felisoni, diretor do Provar/USP. “É provável que consiga passar por esse período sem muitos sobressaltos ou perdas de participação”.

Balanço publicado ontem mostra um aumento de 10,4% nas vendas líquidas do grupo na área alimentar no segundo trimestre do ano e ampliação da margem Ebitda de 0,5 ponto percentual (de 6,2% para 6,7%).

Relatório dos analistas da Raymond James mostra que a alta nas vendas do ramo alimentar estava em linha com a estimativa dos especialistas, “impulsionada pelo crescimento de 9,3% das vendas mesmas lojas”. A margem bruta do segmento alimentar também aumentou dentro da expectativa dos analistas, mas o lucro líquido de R$ 127,9 milhões foi de 2% aquém das estimativas dos especialistas.

Num momento em que o grupo tem sido alvo de rumores sobre o futuro de Diniz à frente da companhia – após a mal-sucedida fusão com o Carrefour -, ampliar a força da empresa e torná-la mais valorizada pode ser interessante a curto prazo.

É que analistas setoriais acreditam que Diniz poderia antecipar o acordo de acionistas da Wilkes, firmado com o sócio francês Casino, de 2012 para este ano, vender a sua participação e, com isso, a companhia francesa se tornaria controladora do negócio.

Ontem, ao divulgar os resultados, a companhia informou na teleconferência com analistas que não se manifestaria sobre outras questões, além do balanço publicado.

O Casino solicitou o cancelamento da reunião do conselho de Wilkes, que está marcada para acontecer no dia 2 de agosto. A reunião aconteceria para discutir a proposta de fusão de Carrefour e grupo Pão de Açúcar. A proposta foi retirada, mas a reunião continua em aberto.

Até ontem, Abilio Diniz, presidente do conselho da Wilkes, não havia cancelado a reunião de agosto.

Fonte: Adriana Mattos, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.