Olimpíada pode prejudicar redes corporativas
O cenário é sempre o mesmo. Com a chegada de eventos esportivos como Copa do Mundo e Olimpíada as pessoas tendem a desviar a atenção do trabalho em busca de assistir a uma partida ou mesmo recuperar alguns lances perdidos e, assim, não perder as principais discussões que acontecem na internet. Até aí, tudo bem. O problema é que tais ações sobrecarregam a rede corporativa e, normalmente, compromete o dia a dia da organização.
Marcos Oliveira, diretor-geral da Blue Coat, lembra que já durante os jogos olímpicos de Pequim, em 2008, na China, foram registrados impactos, tanto pela avalanche de dados, como pelo forte acesso aos vídeos. “Isso tem a ver com comportamento humano, não tem ferramentas para controlar o uso de vídeo na internet. Se o jogo do Brasil for durante horário de expediente há forte tendência de muitas pessoas assistirem e isso gera impacto na rede corporativa, um único usuário visualizando um vídeo de dois megas, por exemplo, tem impacto de 25% na infraestrutura, imagina se quatro assistirem: ninguém mais faz nada, o vídeo rouba toda a banda”, compara o executivo.
O fato é que tal impacto, além de prejudicar o andamento de algumas atividades, pode gerar perda de receita e intensificar a falta de produtividade dos funcionários. Como lembra Oliveira, muitos vídeos vêm de forma camuflada, um exemplo prático disso é quando a pessoa assiste a uma gravação postada no Facebook. “Se não tiver uma ferramenta para diferenciar o que vem dentro desse HTTP, começam as dificuldades das empresas”, afirma o diretor-geral da Blue Coat.
Para ajudar nesse controle, a companhia precisaria, por exemplo, ter visibilidade do uso da rede em tempo real, a partir de uma ferramenta que saiba exatamente o que está trafegando pela rede. Oliveira recomenda, também, uma política de controle de tráfego, já que o problema está muito ligado ao comportamento dos funcionários. Outro ponto importante, na visão do executivo, é a implantação de tecnologias de aceleração. “Imagine uma empresa que tem 200 funcionários e 50 querem ver o jogo nos seus desktops, existe uma tecnologia que consegue fazer com que uma pessoa traga o fluxo do vídeo e as outras 49 assistam através daquele fluxo, com a mesma qualidade. Isso é uma forma de economizar banda.”
O bloqueio total não é a saída mais recomendada, ainda que algumas companhias optem por esta ação. Existe a opção de ampliar a capacidade da rede, mas isso custa caro, já que será necessário pedir mais links para os provedores. Outra possibilidade é gerir da melhor forma possível a infraestrutura existente. “Recentemente, um cliente brasileiro, com sites na China e em todo Brasil, falou que a pior dor de cabeça da TI foi na última Copa do Mundo, quando os funcionários assistiam aos jogos via web na empresa, nada funcionava, a companhia entrou em colapso por causa disso.”
A questão é que, mais que gerenciar o esquema de acessos pelos PCs, as companhias precisam estar atentas ao movimento de consumerização. Na medida em que os funcionários trazem tablets e smartphones para seus ambientes corporativos, eles podem acessar via WiFi a rede da empresa e, da mesma forma, consumir a banda com o streaming de vídeos. E aí, não tem jeito, ou se tem uma política adequada, sobretudo, focando ações educacionais, ou problemas poderão acontecer.
Ainda que você acredite que isso possa não prejudicar sua empresa, é bom ficar atento. Dados do Comitê Olímpico Internacional (COI) apontam que, em 2008, apenas na América Latina, 13 canais online transmitiram 300 horas de jogos e 29 milhões de transmissões ao vivo foram acessadas.
Fonte: Thaia Duó, Information Week