Juro tem forte alta e crédito ao consumidor diminui em janeiro
O crédito bancário está mais curto e mais caro em janeiro, por conta das medidas de restrição e da elevação da taxa básica de juros, Selic. Dados parciais do Banco Central (BC) apontam alta de 4,5 ponto percentual no custo dos empréstimos a pessoas físicas, por exemplo, e recuo de 11,3% nas concessões médias a empresas. O prazo também cai.
Segundo o BC, dados relativos a oito dias úteis de janeiro de 2011 confirmam a tendência de elevação do juro bancário, que já em dezembro manifestou-se em, praticamente, todas as modalidades. Foi quando o BC criou restrições (mais capital dos bancos para algumas operações mais longas) para conter a demanda elevada pelo crédito, que no global avançou 20,5% em 2010.
E, com os saltos nos diversos índices de inflação, o mercado financeiro estava seguro que o BC elevaria a Selic em janeiro, como de fato elevou de 10,75% para 11,25%.
Na parcial de janeiro, a taxa média de juros sobe 2,9 pontos, para 38% ao ano. Em dezembro, o juro já tinha subido 0,2 ponto para 35%. Para pessoas físicas, saiu de 40,6% ao fim de 2010 para 45,1% em janeiro até dia 12.
O custo nas operações a empresas, que em dezembro tinha até recuado 0,7 ponto sobre novembro, na preliminar avança 1,5 ponto, saindo de 27,9% para 29,4% anuais.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, pondera que são dados relativos ao crédito referencial tomado pelo BC para apurar o juro médio.
“Não dá para afirmar que seguirá subindo, porque são dados parciais. Como vem com alta muita forte, a expectativa é, mesmo, de crescimento em janeiro [das taxas de juros]”, comentou ele.
“Muitas das medidas prudenciais têm vigência a partir de junho deste ano, mas a abrangência era desde dezembro” do ano passado, comentou Lopes.
A parcial de janeiro mostra ainda que o spread bancário (a diferença entre o custo de captação e o juro dos empréstimos) subiu em 2,8 pontos, para 32,9%.
O volume global do crédito referencial cresce 0,3% na preliminar do mês, sendo mais de 1% nos empréstimos às famílias e queda de 0,3% a empresas. Tomando-se as concessões médias de crédito nos oito dias úteis do mês, há um recuo médio de 8%, com queda de 3,5% para pessoas físicas e menos 11,3% a pessoas jurídicas, segundo o BC.
Lopes destacou que “ao contrário de outras épocas, em que se dilatava o prazo para acomodar a alta do juro, nota-se agora uma queda nos prazos gerais.”
Ainda não se vê, entretanto, alteração no custo de captação dos bancos.
Fonte: Azelma Rodrigues,Valor Economico