Notícias

Investigação federal mira bancos de Wall Street

Investigadores americanos estão verificando se vários bancos de Wall Street enganaram clientes nos anos que se seguiram à crise financeira, usando de má fé ao precificar um tipo de título de dívida lastreado em hipotecas que foi um dos pivôs da crise, segundo pessoas próximas à investigação.

A iniciativa pode ser um golpe para os bancos, que acabaram de passar por anos de intenso escrutínio quanto ao papel que tiveram na crise.

A conduta de Wall Street no período que culminou com as convulsões nos mercados em 2008 já foi detalhadamente examinada pelas autoridades. Essa nova investigação dos reguladores dos Estados Unidos é a primeira a examinar amplamente as vendas pelos bancos de títulos lastreados em hipotecas nos anos posteriores.

Naquele período pós-crise, quando a economia continuava debilitada e muitos mercados ainda não estavam ativos, os bancos ainda conservavam no seu balanço bilhões de dólares em ativos difíceis de serem precificados. Os reguladores estão tentando esclarecer se os bancos fizeram avaliações substancialmente irrealistas de alguns desses ativos para negociá-los.

Entre os bancos investigados estão Barclays PLC, Citigroup Inc., Deutsche Bank AG, Goldman Sachs Group Inc., J.P. Morgan Chase & Co., Morgan Stanley, Royal Bank of Scotland Group PLC e UBS AG, diz uma das pessoas a par do assunto.

A investigação, que começou há menos de um ano, está ainda numa etapa inicial e pode não resultar em nenhuma ação das autoridades, dizem as pessoas. Várias firmas já foram intimadas a fornecer informações.

Os reguladores estão investigando se operadores dos bancos aproveitaram as obscuras precificações que ocorriam no mercado de ativos ligados a hipotecas no período de 2009 a 2011 para comprar ou vender investimentos com valores artificialmente inflados ou reduzidos, dizem pessoas a par da investigação. Na outra ponta dessas transações estavam geralmente bancos concorrentes, fundos de hedge e outras grandes firmas de investimento.

Ao contrário de ações negociadas em bolsas, onde a precificação é transparente, os investidores do mercado de títulos lastreados em hipotecas geralmente são obrigados a confiar que os operadores vão honestamente revelar os preços pagos e as comissões cobradas. Geralmente é ilegal passar ao investidor dados errados sobre uma operação que sejam importantes o suficiente para influenciar a decisão de compra ou venda.

Uma questão que poderia ser primordial na investigação, segundo pessoas a par do assunto, é até onde um operador pode agressivamente promover um investimento sem estar cometendo fraude.

A investigação está sendo conduzida pela SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA, e pelo inspetor geral do TARP, a sigla em inglês para Programa de Alívio de Ativos Problemáticos, dizem pessoas a par da situação. O Sigtarp, um órgão criado em 2008 para fiscalizar fraudes ligadas ao resgate financeiro, está envolvido porque os bancos investigados venderam ativos ligados a hipotecas a entidades parcialmente financiadas com o dinheiro do resgate.

Porta-vozes da SEC e do Sigtarp não quiseram comentar.

A SEC está finalizando suas iniciativas para punir instituições que cometeram irregularidades durante a crise financeira, com apenas mais alguns casos ainda em andamento. Vários bancos devem, nos próximos meses, resolver investigações do Departamento de Justiça e promotores estaduais sobre vendas de ativos ligados a hipotecas na época da crise, depois de o J.P. Morgan ter, no ano passado, fechado um acordo com a Justiça em que terá que pagar a multa histórica de US$ 13 bilhões, segundo pessoas a par do assunto. Um porta-voz do banco, que na época afirmou que estava satisfeito de ter resolvido a questão, não quis fazer mais comentários sobre o acordo.

Essa investigação de agora sugere que as dores de cabeça dos bancos de Wall Street com ativos ligados a hipotecas podem prosseguir.

Ano passado, agentes do Sigtarp prenderam um ex-operador da Jefferries LLC. Promotores federais acusaram Jesse C. Litvak de lesar investidores, incluindo fundos ligados ao resgate, em operações com títulos lastreados em hipotecas residenciais. A SEC, que abriu um processo civil paralelo, alegou que Litvak “mentiu repetidamente” para investidores, inventando preços e embolsando a diferença para a firma.

Um representante da Jefferies, uma unidade do banco de investimento Jefferies Group LLC, que foi comprado no ano passado pela holding Leucadia National Corp., não quis comentar. A Jefferies não foi acusada de irregularidades.

O julgamento de Litvak, que tem 39 anos e mora em Nova York, está marcado para fevereiro. Ele se declarou inocente das acusações de fraude, de ter feito declarações falsas para o governo americano e de ter lesado o governo em relação ao TARP. Se condenado, ele pode pegar 20 anos de prisão por cada acusação de fraude.

Patrick J. Smith, advogado de Litvak, disse no ano passado que seu cliente “não roubou um centavo de ninguém”. Smith não quis fazer mais comentários na terça-feira.

O caso contra Litvak levou os reguladores a examinar com mais cuidado como operadores e outras firmas precificaram ativos na esteira da crise financeira, dizem pessoas a par da investigação.

© 2000 – 2014. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A.

Leia mais em:

http://www.valor.com.br/financas/3389306/investigacao-federal-mira-bancos-de-wall-street#ixzz2ptsg5M6I

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.