Governo tenta preservar imagem da Caixa
Com a divulgação da contabilidade irregular de R$ 719 milhões no balanço da Caixa Econômica Federal de 2012, o governo deflagrou nesta semana uma operação para minimizar os estragos para a imagem do banco e da equipe econômica.
O episódio irritou a presidente Dilma Rousseff, que exigiu uma solução rápida para a situação.
Uma semana depois, a avaliação é que o estrago foi menor do que o esperado.
O governo temia uma corrida às agências da Caixa, como aconteceu quando boatos sobre o fim do programa Bolsa Família geraram quebradeira em algumas cidades.
Havia uma apreensão que o estrago para a imagem da Caixa Econômica Federal afetasse outros bancos públicos, especialmente o Banco do Brasil.
Desde então, a estratégia oficial mantém duas frentes: sustentar publicamente que não houve confisco, já que regras do Banco Central mandam que contas com irregularidades no cadastro sejam fechadas e, nos bastidores, tratar o caso como uma prática comum no mercado.
CONTABILIDADE
Sem citar nomes, envolvidos na operação insistem que a mesma contabilidade foi feita pelos demais bancos de varejo do país.
A ideia de que há um vácuo legal que permitiu o entendimento da cúpula da Caixa de que era possível se apropriar dos saldos das contas e registrá-los como receita própria, porém, cria um outro problema: se todos os bancos estão cometendo irregularidades há 20 anos, como o Banco Central não viu e não tomou nenhuma atitude?
Outros interlocutores do próprio governo, porém, afirmaram que a Caixa era o único caso entre os grandes bancos de varejo.
Desde o início da semana, a Folha vem questionando as quatro maiores instituições financeiras do país se os recursos de contas fechadas por irregularidades cadastrais tiveram algum impacto nos resultados registrados entre 1993 e 2013, além de pedir a quantidade de contas encerradas no período e o saldo remanescente.
OUTROS BANCOS
Apesar dos pedidos, nenhum banco deu detalhes sobre quantidade e valor.
O Itaú Unibanco foi o único a responder diretamente que, no caso de contas com CPF irregulares, “o encerramento da conta é efetivado e o saldo existente fica disponível ao cliente para retirada, sem qualquer impacto no resultado do banco”.
Bradesco, Banco do Brasil e Santander deram inicialmente respostas superficiais, afirmando que cumpriam as regras do Banco Central para encerramento das contas.
Diante da insistência nos questionamentos, o Santander disse que “o eventual saldo credor é transferido para contas contábeis que não afetam o resultado do banco, e os valores permanecem à disposição dos clientes, em conformidade com a legislação.”
O Bradesco se limitou a dizer que “as contas não são encerradas”.
O Banco do Brasil não quis se pronunciar mais.
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