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Europa analisa mudanças drásticas para auditorias

O modelo de negócios das “Big Four”, as quatro maiores firmas de contabilidade do mundo, está sob ataque da Comissão Europeia, que está pressionando por regras mais duras que forçariam as firmas a abandonar seus negócios de consultoria e compartilhar o trabalho de auditoria com concorrentes menores.

Um esboço de regulamentação, ao qual o “Financial Times” teve acesso, pretende transformar o setor de contabilidade na esteira da crise financeira e restabelecer a “confiança” nas demonstrações financeiras. A proposta tem o apoio de Michel Barnier, comissário de mercado interno da União Europeia, cujos funcionários decidiram que o mundo das auditorias está sob o controle de um oligopólio.

Pelos planos, que serão anunciados em novembro, as companhias com balanços maiores que € 1 bilhão seriam forçadas a contratar dois auditores para conduzir uma “auditoria conjunta” de seus livros, incluindo pelo menos uma firma que não faça parte das Big Four (Deloitte, PwC, Ernst & Young e KPMG).

Os auditores também não poderão trabalhar para uma grande companhia por mais de nove anos – uma política de “rotatividade obrigatória” que Barnier acredita que vai reforçar a independência e estimular a competição. Algumas grandes multinacionais têm o mesmo auditor há mais de um século.

O trabalho que não envolve auditoria é descrito pela Comissão Europeia como “uma fonte de conflitos de interesses”. O projeto de lei diz: “As firmas de auditoria de dimensões significativas deverão… ser [proibidas de] realizar serviços não relacionados a sua função de auditoria estatutária, como consultoria e serviços de aconselhamento”.

A proibição acerta o coração do modelo de negócios dos grandes grupos de auditoria e vai além do esperado na reestruturação do setor. A auditoria é um negócio de crescimento firme, mas lento, enquanto as operações de não auditoria, incluindo consultoria, representam cerca de dois terços das receitas das Big Four no Reino Unido – as maiores das redes europeias.

Um porta-voz da Deloitte diz que as medidas “prejudicariam a qualidade das auditorias” e elevariam os custos para as empresas que usam os serviços.

As firmas da “segunda divisão”, como a BDO e a Grant Thornton, há muito vêm fazendo campanhas para que as autoridades reguladoras ajudem a reduzir as barreiras de entrada no setor. Mas as Big Four conseguiram até agora evitar muitas das propostas.

Barnier terá dificuldades para conseguir a aprovação dos Estados membros da União Europeia e do Parlamento Europeu, exigida para que a regulamentação seja implementada.

A equipe de Barnier acredita que os interesses comerciais conflitantes das grandes firmas corroeram a confiança, reprimiram a competição e levaram ao ceticismo em relação à auditoria e à contabilidade.

“Os auditores têm um papel essencial nos mercados financeiros: os atores financeiros precisam poder confiar em suas declarações”, disse Barnier ao “Financial Times”.

Ele afirmou que suas propostas “ambiciosas” têm um objetivo principal, que é “garantir auditorias robustas e completamente independentes no contexto mais amplo de um mercado interno de funcionamento melhor para os serviços de auditoria”.

Fonte: Alex Barker e Jennifer Hughes, Financial Times, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.