Escolas resgatam o almoço em família
Se todos os pais soubessem como é importante dedicar um tempo a esposa e filhos para “diálogos” nas familias, principalmente nas refeições, muitos dos problemas seriam minimizados na sociedade. Afinal, que não gosta de atenção? Nestes momentos podemos conversar sobre os problemas financeiros, escolares, profissionais e de relacionamento, pense nisso.
Estudos recentes mostram que as refeições em família são de extrema importância na formação da juventude, sendo “um dos investimentos diários que trazem maiores dividendos no futuro.” Mostram, ainda, “que quanto mais as famílias comem juntas, menos probabilidades há de os jovens fumarem, beberem, consumirem drogas, ficarem deprimidos, desenvolverem desordens alimentares ou pensarem em suicídio. E maior é a possibilidade de obterem bons resultados na escola, de comerem vegetais e usarem melhor vocabulário.”
A seguir disponibilizo a reportagem da Folha neste final de semana:
Como quem não quer nada, João Pedro, 6, contou ao pai, o analista de sistemas Marco Antonio Chaves, 37, que alguns colegas almoçavam com os pais na escola.
Foi a deixa para a estreia de Marco Antonio no refeitório do colégio São Luís, na capital, na quinta-feira.
Diante de casais cada vez mais ocupados com o trabalho, colégios particulares de São Paulo e outros Estados têm oferecido a opção de os pais “fugirem” do escritório para almoçar com os filhos que fazem atividades extracurriculares durante a tarde.
Ao menos 20 colégios ouvidos pela Folha (na capital, interior e outros Estados) aderiram à iniciativa. Além de observar como o filho se alimenta, é uma tentativa de resgatar o almoço em família.
O encontro é aberto a pais de alunos de todas as idades, mas acaba funcionando mais com crianças de até dez anos, dizem as escolas.
“Ele já cobrou quando vou vir de novo. Eu disse: “Quando tiver macarrão”. Agora, ele não vai parar de procurar no cardápio”, brinca Chaves.
No São Luís, o pai estreante sentou-se atrás de uma veterana, a advogada Dolores Cabana de Carvalho, 46.
Duas vezes por semana, há três anos, ela sai do escritório na Paulista para matar a saudade de Matheus, 7. “Não tem remédio melhor que ganhar um beijo no meio do expediente”, afirma.
DE OLHO
A refeição é cobrada como num restaurante normal e também acontece nos colégios Humboldt, Santa Cruz, Porto Seguro e Pio 12, na capital, Auxiliadora (Ribeirão Preto) e D’Incao (Bauru).
No Miguel de Cervantes, os pais podem agendar um almoço mensal. No Sidarta, acontece às sextas e, esporadicamente, no Liceu Pasteur (capital) e no Carlos Chagas Filho (São José do Rio Preto).
A rede Marista oferece o almoço com os pais em nove escolas do grupo em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Distrito Federal.
No Colégio Marista Arquidiocesano, na capital, de 30 a 40 pais almoçam por dia na unidade, de 4.200 alunos.
“Para a família, é um espaço de compensação na vida tão corrida”, diz o diretor educacional, Chico Sedrez.
No Marista de Ribeirão Preto, no interior paulista, três vezes por semana, o administrador de empresas Eduardo Stefanelli, 44, e a médica Renata Fedatto, 41, almoçam com os filhos Vitória, 12, e Leonardo, 11.
“Além da praticidade, posso observar o que acontece na escola, os coleguinhas, funcionários, coisas rotineiras da escola”, diz Renata.
Colégios que adotam a pratica:
Em São Paulo
S. Luís, Liceu Pasteur, Sta. Cruz, Porto Seguro, Pio 12, Humboldt, Arquidiocesano, Miguel de Cervantes, Sidarta e Marista Glória
No Interior do Estado
Colégios Marista e Auxiliadora (Ribeirão), Carlos Chagas Filho (S. José do Rio Preto) e D’Incao (Bauru)
Em Santa Catarina
Marista São Luís (Jaraguá do Sul) e Marista em Criciúma
Outros
Colégios Marista em Curitiba, Londrina, Maringá e Brasília
Fonte: Juliana Coissi, Folha de S.Paulo