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Empresas apertam os cintos diante da crise na Europa

aperto financeiroMultinacionais de vários setores têm percebido uma desaceleração econômica na Europa e se preparam para o que podem ser vários meses de movimento fraco.

As empresas de tecnologia e saúde estão sob pressão dos esforços governamentais europeus para cortar custos, enquanto as empresas que fabricam bens de consumo lutam contra a lentidão nas economias de países como Espanha, Irlanda e Grécia. Em alguns casos, as empresas reagiram cortando vagas e investimentos, medidas que também pesam no cenário econômico europeu.

“Haverá menos pessoas trabalhando, menos pessoas pagando impostos, o que vai pesar ainda mais nas finanças dos governos”, disse Media Eghbal, analista de Europa Ocidental da firma de pesquisa de mercado Euromonitor International Inc.

O crescimento econômico da zona do euro diminuiu fortemente no terceiro trimestre com a estagnação do investimento das empresas, sinal de que o setor empresarial não tem confiança suficiente para comprometer mais recursos. A economia espanhola estagnou e a da Grécia contraiu. A pressão para cortar gastos públicos está aumentando ao mesmo tempo em que cresce o endividamento governamental.

As empresas de tecnologia cujo faturamento depende dos governos europeus já sentem o aperto. John Chambers, diretor-presidente da gigante das redes Cisco Systems Inc., disse algumas semanas atrás que as compras públicas da Europa caíram em torno de 5% no trimestre encerrado em 30 de outubro frente ao mesmo período um ano antes.

“Os orçamentos dos governos de muitos países europeus estão sendo reduzido drasticamente”, disse Chambers numa teleconferência com analistas. Esse fator, entre outros, levou a fabricante de roteadores e comutadores a anunciar uma previsão de expansão menor que a esperada nas vendas, o que terminou derrubando sua ação.

Jeff Evenson, analista da Sanford C. Bernstein & Co., diz que entre 3% e 5% do faturamento anual de US$ 40 bilhões da Cisco vem de governos europeus. “Não acho que eles esperem que isso volte com força” no curto prazo, disse ele.

Da mesma forma, o diretor financeiro da Dell Inc., Brian Gladden, disse em novembro a analistas: “Continuamos enfrentando um cenário de gastos reduzidos” nas vendas ao setor público da Europa, embora o faturamento mundial da fabricante de computadores com essas vendas tenha subido 20% no último trimestre, para US$ 4,4 bilhões.

As fabricantes de software também estão expostas a essas condições. O analista John DiFucci, do J.P. Morgan, disse que entre 30% e 40% dos gastos europeus com software – cerca de 10% a 15% no mundo – são gerados direta ou indiretamente pelo setor público. As empresas vão começar a sentir de verdade o aperto no primeiro semestre de 2011, quando começa o novo ciclo orçamentário e de gastos desses países, disse ele. “Haverá um declínio significativo nos gastos com software na Europa em algum momento nos próximos trimestre”, disse DiFucci.

O impacto também é sentido no setor privado. Pieter Schoehijs, diretor de informática da fabricante holandesa de tintas e químicos Akzo Nobel NV, disse que a empresa costuma assinar contratos de vários anos com grandes empresas de software, como a Microsoft Corp. e a SAP AG, e os ajusta anualmente para comportar o número de empregados.

Mas as compras de computadores e impressoras são mais ligadas ao número de funcionários, então a Akzo Nobel diminuiu os gastos europeus com esse tipo de hardware – que gera quase a metade do faturamento anual de 14 bilhões de euros da empresa -. já que está demitindo funcionários na região, embora as vendas mundiais estejam em alta.

Na Europa, os maiores compradores de remédios são os sistemas públicos de saúde, que também estão tendo que apertar o cinto. Isso levou países como Grécia, Espanha e Alemanha a tentar baixar o preço pago pelos remédios.

A Merck & Co. (MSD, no Brasil), a Johnson & Johnson, a Bayer AG, a GlaxoSmithKline PLC e a Roche Holding AG são algumas das farmacêuticas que afirmam que as medidas de austeridade fiscal prejudicaram suas vendas. Para compensar, muitas empresas começaram a cortar orçamentos de pesquisa e desenvolvimento já apertados, e também estão cortando custos com a equipe de vendas, disse Jim Attridge, consultor independente do setor.

Os fabricantes de equipamentos médicos também estão sob pressão. A americana Medtronic Inc. obtém cerca de 41% do faturamento no exterior, boa parte na Europa. Mês passado, ela afirmou que teve de fazer provisões para cobrir possíveis calotes de clientes em países como a Grécia.

A estagnação de vários países europeus prejudicou fortemente os negócios internacionais de panificação da Sara Lee Corp. Cerca de 60% do faturamento de US$ 800 milhões da unidade com a venda de pão, massa pronta de pizza e outros produtos congelados vem da Espanha e de Portugal, onde as vendas caíram depois que as pessoas passaram a comprar os alimentos de marca própria dos supermercados, que são mais baratos. No último ano fiscal, a empresa usou apenas 58% da capacidade instalada em suas 11 fábricas na Península Ibérica.

Os executivos da Sara Lee decidiram que tinham de baixar o preço dos pães da marca Bimbo para tentar manter as vendas. Então os executivos venderam quatro fábricas e demitiram um terço dos 3.000 operários da divisão, numa tentativa de economizar recursos para financiar reduções no preço e mais propaganda. Agora ela está usando mais de 80% da capacidade e os prejuízos operacionais caíram, embora a margem operacional das fábricas que ainda estão funcionando também tenha diminuído.

A previsão é de que até as vendas de produtos de higiene pessoal e da casa – que geralmente não sofrem muito com as crises porque as pessoas ainda escovam os dentes, lavam roupa e passam xampu no cabelo mesmo com os bolsos vazios – também caiam.

A Reckitt Benckiser Group PLC, que fabrica os aromatizantes de ambiente Bom Ar e o detergente para louças Finish, obtém cerca de 42% do faturamento na Europa. Para manter a lealdade das pessoas a suas marcas, a empresa britânica aumentou a despesa com marketing, lançou novos produtos e baixou preços.

Fonte: Cari Tuna e Ellen Byron, The Wall Street Journal, Colaborou Ilan Brat, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.