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Detector de mentira on-line ajuda a evitar fraude na web

Em fevereiro, o proprietário de uma companhia de material de construção e decoração do Texas colocou um anúncio na internet em busca de “um redator que saiba escrever e postar 25 críticas positivas” em oito sites populares como Yelp, Google Places e Citysearch. Um homem de Chittagong, Bangladesh, ficou com o serviço e concordou em escrever 200 críticas elogiosas falsas por US$ 100. Em uma questão de dias, críticas bastante favoráveis à companhia começaram a pipocar na internet. O proprietário do negócio, que falou sob a condição de permanecer no anonimato, diz que não se sente culpado pelo logro. Ele diz que os clientes telefonam o tempo todo exaltando seus serviços, mas não fazem avaliações on-line.

A proliferação das críticas falsas é um problema enorme para o comércio eletrônico e os sites de recomendações que dependem das avaliações dos usuários. “Afinal de contas, se os consumidores não confiam no conteúdo, não haverá valor para ninguém”, afirma Vince Sollitto, um porta-voz do site de especializado em avaliações Yelp. Não são apenas os consumidores que ficam desconfiados. As autoridades reguladoras britânicas estão investigando a queixa de uma companhia que representa donos de hotéis, segundo a qual há milhões de avaliações falsas no site de viagens TripAdvisor, que, por sua vez, afirma estar cooperando com as autoridades. Em alguns produtos, até 30% das críticas podem ser falsas, afirma Bing Liu, um professor de ciências da computação da Universidade de Illinois em Chicago.

Várias grandes companhias de tecnologia estão patrocinando pesquisas acadêmicas sobre críticas falsas. Liu trabalhou com dois pesquisadores da Microsoft, que investiu US$ 138 mil para estudar quase 6 milhões de avaliações postadas na Amazon.com, entre outras coisas. Eles encontraram muitas avaliações duplicadas ou quase isso – um sinal claro de fraude. Dentro dessas críticas falsas, a equipe encontrou padrões reveladores.

Anúncios de trabalho pedem que analistas falsos usem nomes e e-mail diferentes em cada avaliação feita

Os “spammers” – que enviam mensagens publicitárias não solicitadas – costumam postar análises múltiplas sobre um único produto ou avaliações de vários produtos feitos por uma mesma marca. Eles escrevem suas análises assim que os produtos são lançados, e seus pontos de vista frequentemente diferem muito dos da maioria dos outros usuários. Os críticos falsos normalmente não são membros de longa data de um site. Para ampliar a pesquisa, Liu está trabalhando com dois engenheiros do Google, que está contribuindo com US$ 50 mil.

Na Cornell University, pesquisadores concentraram-se em encontrar cacoetes semânticos característicos das avaliações falsas. Assim como fez o empresários texano, eles entraram na internet e contrataram pessoas para escrever 400 avaliações falsas de hotéis. Em seguida, usaram um modelo de computador para comparar essas críticas com 400 avaliações reais. As verdadeiras tendiam a falar sobre o espaço físico, usavam substantivos específicos como “piso” e adjetivos como “pequeno”. Como os “spammers” não estavam familiarizados com as instalações dos hotéis, eles passavam mais tempo falando de si mesmos, dos motivos que os levaram a viajar e de suas companhias de viagem. “A palavra ‘marido’ é forte indicativo de fraude”, afirma Myle Ott, candidato a PhD e coautor do estudo. Quando os pesquisadores prepararam um computador para procurar sinais linguísticos, ele detectou 90% de avaliações falsas.

Em sua maior parte, as companhias de tecnologia não gostam de falar sobre como elas detectam fraudadores, por temerem fornecer inadvertidamente pistas que permitam a manipulação do sistema. A TripAdvisor diz apenas que considera 25 fatores para determinar se uma avaliação é falsa. O Yelp submete suas avaliações a um filtro antifraude, com resultados impressionantes; todas as avaliações falsas que o texano comprou foram detectadas pelos algoritmos do Yelp, embora suas análises fraudulentas continuem sendo exibidas em sete outros sites.

Em um esforço para enganar os filtros, alguns anúncios de trabalho para comentaristas falsos insistem que os redatores usem um nome de usuário e um endereço de e-mail diferentes para cada entrada, de modo que as análises não parecem vir da mesma pessoa. Outros exigem que os redatores distribuam suas avaliações ao longo de semanas e façam as postagens em horários diferentes do dia.

Alguns oferecem até US$ 80 por avaliações de usuários do Yelp com status de “Elite”, o que faz deles membros confiáveis do site. Adam Medros, vice-presidente de produtos globais do TripAdvisor, diz que sua companhia vasculha os sites em que as empresas divulgam anúncios à procura de autores de avaliações falsas. “Não consigo lembrar de nenhum momento recente em que alguém tenha nos surpreendido com instruções sobre como burlar nossos sistemas”, diz ele. “Já vimos praticamente de tudo.”

O jogo de gato e rato deverá prosseguir, uma vez que há dinheiro de verdade envolvido. O empresário texano diz que embora as avaliações sejam boas, o que realmente importa é que as críticas contêm palavras-chave que melhoram sua classificação no Google. Ele é, agora, um dos primeiros sites listados nos termos de busca relevantes para seu negócio. “Estamos on-line há apenas dois anos e praticamente já superamos toda a concorrência”, diz ele.

Fonte: Karen Weise | Bloomberg Businessweek, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.