Notícias

CVM fecha cerco aos auditores

Auditorias sob revisãoO trabalho das auditorias está na mira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Neste ano, começa uma inspeção periódica da atividade dessas firmas, a exemplo do que já ocorre com as companhias abertas, os gestores de fundos e as corretoras. Para 2012, a presidente da autarquia, Maria Helena Santana, avisa: está mantido o rodízio obrigatório de auditorias a cada cinco anos para as companhias abertas. “Sempre tem a expectativa de que a gente revogue a obrigatoriedade, mas não há essa intenção”, diz ele.

A substituição obrigatória só não valerá para as instituições financeiras, uma vez que o Banco Central (BC), primeiro órgão regulador a instituir o rodízio no Brasil, em 1996, desistiu dessa prática em 2008.

Até mesmo por conta dessa decisão do BC, havia a expectativa no meio empresarial e também entre os próprios auditores de que a CVM desistisse de exigir a troca periódica, prevista na regulamentação desde 1999.

“O Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) não concorda com a rotação de firmas e fará todos os esforços possíveis nessa discussão”, afirma a presidente do órgão, Ana María Elorrieta, ao ser questionada sobre o assunto. Para ela, além de não haver ganho com a troca, a mudança de auditoria expõe novos riscos, já que o auditor começa o trabalho “a partir de uma página em branco”.

Em setembro de 2008, mesma época em que o Banco Central acabou com o rodízio para as instituições financeiras, o órgão regulador do mercado de capitais decidiu adiar a rodada seguinte de auditores, que estava prevista para ocorrer a partir de maio de 2009. O motivo foi o processo de mudanças contábeis, que começou em 2008 e será finalizado neste ano com a publicação dos balanços completos do exercício de 2010 sob o novo padrão, que tem como base o modelo internacional IFRS. Foi dado ainda um ano extra, para que o balanço de 2011 também seja auditado pela mesma firma que participou do processo de mudança de práticas contábeis. No ano seguinte, a troca será obrigatória.

Segundo Maria Helena, uma evidência de que existe uma atenção especial da CVM ao trabalho de auditoria está na inclusão desse segmento no Plano Bienal de Supervisão Baseada em Risco da autarquia que será aplicado em 2011 e 2012. Esse plano exige inspeções preventivas do órgão regulador dentro das firmas de auditoria.

“Antes elas só ocorriam por demanda, diante de problemas. Agora passamos a ter para os auditores o mesmo tipo de conduta que temos para gestores de fundos e outros prestadores de serviço”, diz.

Na opinião de Ana María, presidente do Ibracon, “todas as iniciativas que busquem qualidade da auditoria são bem-vindas”. Ela ressalta apenas que é importante que a fiscalização seja feita por pessoas que entendam bem do assunto. “O que é chave nesse processo é que as avaliações sejam conduzidas por pessoas com perfil e competência necessária. Não sei quais os recursos que a CVM vai usar para isso, mas sei que investiram na formação de pessoas.”

De fato, o órgão regulador do mercado fez um convênio com a Financial Reporting Council (FRC), que supervisiona os auditores no Reino Unido, para treinamentos dos seus técnicos. “Fomos aprender a metodologia”, diz Alexsandro Broedel, diretor da CVM e especialista na área de contabilidade.

Além disso, a CVM pretende acompanhar as fiscalizações que o Conselho de Supervisão de Contabilidade de Companhias Abertas (PCAOB, em inglês), dos Estados Unidos, fizer no Brasil sobre a auditoria de empresas brasileiras com ações negociadas em Nova York.

Esse trabalho consiste em passar um pente fino em um processo específico de auditoria já realizado, verificando se todas as normas da profissão foram cumpridas. Recentemente, o PCAOB divulgou os resultados das primeiras inspeções realizadas no Brasil, apontando falhas em trabalhos realizados por PricewaterhouseCoopers PwC, Deloitte, Ernst & Young Terco, KPMG e BDO. Nenhuma das deficiências identificadas pelo PCAOB levou a republicação de balanços nem a reapresentação de pareceres.

Segundo Ana María, o projeto criação de uma espécie de PCAOB brasileiro, que está sendo conduzido pelo Ibracon e que já foi proposto para a CVM e para o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), ainda deve demorar cerca de dois anos para ser concluído. “Nesse meio tempo, a CVM tem que continuar respondendo a suas demandas”, afirma Ana María, que também é sócia da PwC.

Ela diz não acreditar que eventos recentes, como os problemas contábeis no banco Panamericano, tenham levado a CVM a incluir os auditores no programa de supervisão periódica. “Já faz dois anos que escuto falar do plano. Não acho que exista nada de novo que tenha mudado os rumos”, afirma a presidente do Ibracon.

Em relação à proposta de criação de um PCAOB brasileiro, a presidente da CVM diz que essa é uma discussão importante. “Seria bom para o nosso mercado ter um único regulador para a profissão, e que a regulamentação aplicada fosse consistente”, diz Maria Helena. Entretanto, ela faz uma ressalva. “A minha visão pessoal é de que dificilmente isso poderia ser feito por um organismo privado, abrindo mão da capacidade de exigir o cumprimento das normas que os órgãos reguladores hoje têm”, diz.

O PCAOB americano é uma entidade privada e foi criado pela Lei Sarbanes-Oxley, de 2002, depois dos escândalos empresariais do início daquela década, tirando os poderes de autorregulação que as auditorias tinham até então.

No modelo pensado pelo Ibracon, além dos auditores, o conselho de supervisão seria integrado pelos órgãos reguladores e por membros de comitês de auditoria de companhias abertas.

Fonte: Fernando Torres e Silvia Fregoni, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.