CRI com lastro em contratos da Caixa atrai mais de 1,6 mil pessoas físicas
A primeira emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) para o varejo com lastro em contratos da Caixa Econômica Federal foi encerrada com a participação de 1.660 pessoas físicas, sendo 90 investidores ligados aos participantes da oferta. Com aplicação mínima de R$ 10 mil, esse grupo investiu R$ 110,2 milhões, pouco menos da metade do total.
A diferença ficou com três fundos, que aplicaram R$ 13,9 milhões, dez pessoas jurídicas (R$ 1,4 milhão), um investidor classificado como “outro” (R$ 7,5 milhões) e a própria Caixa, que levou R$ 107,7 milhões em CRIs da classe sênior, além da parcela subordinada da emissão, de R$ 25,9 milhões, que serve de colchão para amortecer eventuais inadimplências, protegendo os outros investidores.
Segundo Fernando Cruz, diretor da emissora Brazilian Securities, a compra de CRIs do tipo sênior pela Caixa deve-se ao papel a ser desempenhado pela instituição de “formador de mercado”. “A Caixa ficou com um pedaço da operação para prover liquidez aos investidores no mercado secundário, com ofertas de compra e venda.”
As transações no secundário estão abertas a partir de hoje, com volumes menores. Isso porque o investidor poderá negociar individualmente os CRIs, que saíram com valor unitário de R$ 1 mil. Os papéis, com vencimento final em 2018, têm retorno-alvo de 10% ao ano, mais Taxa Referencial (TR). Para a pessoa física, essa rentabilidade é líquida, por conta da isenção de imposto de renda (IR). E atrativa, segundo Cruz, se comparada ao CDI, na faixa de 12% anuais brutos. Se descontado um imposto de 20%, esse percentual cai para 9,60%, abaixo do CRI.
Para o diretor, essa operação é um divisor de águas. Além de acolher pela primeira vez o investidor do varejo – até então os CRIs saíam com valor acima de R$ 300 mil -, a emissão foi lastreada em recebíveis cedidos por um banco. “A securitização está pronta para cumprir o papel de complementar a poupança como ‘funding’ para o setor imobiliário.”
Fonte: Alessandra Bellotto, Valor Economico