Compliance Regulatório: CVM vai apertar cerco aos fundos imobiliários
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) decidiu aumentar a fiscalização e apertar as regras de transparência dos fundos imobiliários, a nova febre entre os investidores que não encontram mais um bom rendimento na renda fixa nem querem se arriscar na Bolsa.
A principal vantagem dos fundos imobiliários é a isenção de Imposto de Renda para o cliente pessoa física.
No entanto, essa aplicação está longe de ser um porto completamente seguro. O desempenho das cotas não chega a ser errático como a Bolsa, mas guarda um risco pouco conhecido pelo brasileiro: o da indústria imobiliária.
Alguns fundos pecam na hora de explicitar a possibilidade de perder dinheiro com a vacância em shoppings, escritórios e hotéis, além de atrasos e de problemas de engenharia, no caso de uma construção.
Outros fundos recebem adiantado o dinheiro do cotista, mantêm aplicações em títulos e ativos de risco e só mais tarde desembolsam recursos para a construção de um empreendimento.
A ideia da CVM é tornar a aplicação mais transparente para o pequeno investidor, explicitar os diversos riscos e restringir a alavancagem (tomar empréstimo) apenas a determinados fundos de perfil mais agressivo.
“Parece com renda fixa, mas têm risco nesses fundos. É uma boa hora para se conhecer melhor esse produto, aperfeiçoar a regulação, porque a demanda vai crescer muito”, afirmou Carlos Massaru Takahashi, presidente da BBDTVM, maior gestora de fundos do país.
DESEMPENHO
Alguns fundos têm rendimento que chegam facilmente a 1% ao mês, mas a maioria rende entre 0,4% e 0,7% (líquido), dependendo do empreendimento.
No caso dos prédios de escritório e de shoppings, o desempenho acompanha o valor dos aluguéis e o índice de vacância. Já os hotéis e hospitais pagam conforme o lucro na gestão dos clientes.
Esses fundos compram papéis como LCI (Letras de Crédito Imobiliário), que representam financiamentos da habitação feitos nos bancos, e CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), muitos deles ligados ao pagamento de prestações de construtoras.
“Fazemos a matéria-prima para esses fundos. Hoje, tem mais comprador do que títulos para vender”, disse Fabio Nogueira, da Brazilian Mortgages, uma das maiores emissoras de LCI e de CRI do país.
“É um mercado que surpreende com a quantidade de novas emissões”, afirma Nelson Campos, da Isec Securitizadora.
RECORDE EM 2012
No ano passado, os fundos negociados na Bovespa renderam 35%, segundo o IFIX11, índice que representa os principais fundos, enquanto o Ibovespa subiu 7,4%.
Em 2013, porém, esse índice acumula baixa de 2%, e o Ibovespa, queda de 9,6%.
Neste ano, foram lançados 22 fundos imobiliários, sendo sete com as cotas negociadas na Bovespa e 15 fora.
As captações chegaram a R$ 2,4 bilhões –50% acima do obtido no mesmo período do ano passado.
Segundo a Bolsa, o número de cotistas registrados subiu 5,7% desde dezembro, somando 102,7 mil.
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