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Cetip prepara mudanças no cálculo do CDI

Diante do encolhimento do mercado de Certificados de Depósitos Interfinanceiros (CDI), a Cetip promoverá duas mudanças na maneira como calcula a taxa de referência. A informação foi confirmada ontem pelo diretor comercial da Cetip, Carlos Ratto, ao Valor Pro, serviço de informações em tempo real do Valor.

A Cetip é a empresa responsável pelo registro das operações de troca de dinheiro no interbancário e pelo cálculo do CDI usado como referência por todo o mercado. A taxa guarda forte correlação com a Selic porque ambas representam operações de compra e venda de dinheiro por um dia no mercado financeiro. Há cerca de dois meses, porém, as taxas se distanciaram sem que ficasse explícita a razão.

O movimento tem intrigado o mercado e provocado problemas, já que a taxa do CDI é referencial para a remuneração de CDBs de bancos, fundos de investimento, contratos futuros de juros e empréstimos bancários, entre outros produtos financeiros. A Cetip nega, porém, relação entre o ajuste na metodologia de apuração do CDI e esse descolamento.

A primeira e mais relevante mudança será a criação de um procedimento de cálculo alternativo para momentos em que o número de operações no mercado interfinanceiro for pequeno a ponto de ser considerado insuficiente do ponto de vista estatístico.

Toda vez que o número de operações fechadas em um dia cair abaixo de um determinado patamar, que ainda será definido, a Cetip deixará de usar as taxas coletadas no mercado e acionará uma fórmula de cálculo. Essa fórmula, desenvolvida com a ajuda do estatístico João Carlos Prandini, da Universidade de São Paulo (USP), é baseada no histórico de correlação entre a taxa do CDI e a taxa Selic no período de dois anos. O mecanismo tem sido chamado de “fall back”.

Segundo o diretor da Cetip, as alterações propostas não teriam impacto sobre o atual descolamento entre o CDI e a Selic. Ou seja, a fórmula alternativa não teria sido acionada até hoje. “Não mudaria nada [se a fórmula já estivesse em vigor antes] e esse descolamento continuaria a existir”, diz.

A outra mudança nas regras de cálculo do CDI é de ordem mais técnica, segundo Ratto. Hoje, a Cetip expurga do cálculo aquelas taxas extremas, as mais altas e as mais baixas, que estão muito fora da média. “Vamos parar de tirar essas taxas extremas e passaremos a atribuir um peso menor a elas”, afirma.

De acordo com Ratto, a ação da Cetip é preventiva e não tem relação com o atual descolamento das taxas. A instituição quer se antecipar a um cenário em que o número de negócios no mercado interfinanceiro caia ainda mais. No ano passado, a média diária de negócios fechados no DI de um dia foi de 22, quase a metade dos 39 realizados em 2011. A mudança no cálculo, que segundo o executivo vem sendo planejada desde julho, deve ser implementada em até quatro meses.

Ratto ressalta que a fórmula de cálculo do CDI é “robusta” e já passou por vários testes no mercado nos últimos 25 anos. Para ele, o risco de uma possível manipulação na taxa é mínimo, uma vez que é baseada em operações que foram efetivamente realizadas e registradas. Trata-se de uma situação diferente da Libor, referência do mercado interbancário de Londres, calculada a partir de um levantamento da Associação Britânica de Bancos (BBA, na sigla em inglês).

Além de complexa e arriscada, uma possível manipulação não teria propósito, na avaliação do diretor da Cetip, já que o CDI indexa não apenas o custo de captação (passivo) como a maior parte dos empréstimos (ativo) das instituições financeiras. “O efeito prático do CDI menor acaba sendo nulo”, diz.

Ratto diz não ter uma explicação sobre o descolamento do CDI e da Selic. O excesso de liquidez no sistema financeiro, provocado tanto pela liberação de compulsório pelo Banco Central como por uma política mais conservadora na concessão de créditos pelas instituições, é apontado no mercado como uma das causas.

Esse movimento não teria se refletido na taxa praticada nas negociações no Selic em razão da atuação do BC, que tem como objetivo manter a taxa perto da meta estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), atualmente em 7,25% ao ano.

Segundo Ratto, uma solução para o descolamento não passa pela nova fórmula e terá que ser encontrada pelos bancos, sob supervisão do BC. Para o diretor da Cetip, apesar da queda dos negócios no interbancário, o CDI se manterá como uma referência importante, pelo menos enquanto o mercado brasileiro não caminha para taxas de prazo mais longo.

“A simples migração para a Selic não adianta, pois também se trata de uma taxa de um dia”, diz Ratto, ao ressaltar que a Cetip tem todo o interesse em colaborar na elaboração de um indexador alternativo e de prazo maior.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.