Calotes impedem avanço do lucro do ABC Brasil
O crescimento da inadimplência impediu o crescimento do lucro do ABC Brasil, banco com foco no crédito para empresas. O resultado líquido do banco ficou em R$ 56,9 milhões no primeiro trimestre, apenas R$ 200 mil a mais na comparação com igual período de 2011. Em relação ao intervalo entre outubro e dezembro, houve uma redução de 6,2% no lucro.
É um enredo que tem se repetido nos números que os bancos têm divulgado referentes ao começo do ano. Vilã da história, a inadimplência tem forçado os bancos a incrementar as provisões para devedores duvidosos. No caso do ABC Brasil, foram R$ 24,3 milhões, o dobro das reservas de março de 2011. Em um ano, a inadimplência passou de 0,17% para 0,57%.
Do lado do crédito, a carteira cresceu 13,1% em um ano, pelo conceito expandido, que engloba também garantias prestadas e debêntures que ficam com o ABC. Em relação aos últimos três meses de 2011, o avanço foi de 4,1%.
Tanto para a inadimplência quanto para o crédito, o banco espera uma melhora a partir do meio do ano. “A sensação é de um segundo trimestre ainda difícil, com o mercado apresentando provisões acima das médias históricas”, afirma Sérgio Lulia Jacob, vice-presidente financeiro do ABC Brasil. Mas o banco manteve a previsão de expandir o saldo de crédito entre 18% e 22% neste ano.
Com essa expectativa de crescimento, o banco fortaleceu a captação de recursos. Em 12 meses, a alta foi de 17,5%, para R$ 10,9 bilhões. Na comparação com o quarto trimestre, a expansão foi de 10%. O início do ano foi favorável para o “funding” de pelo menos parte dos bancos médios. Neste ano, o governo deixou de remunerar parte do depósito compulsório recolhido dos grandes bancos. Para rentabilizar o dinheiro, as instituições agora precisam comprar papéis de bancos menores.
Daqui para a frente, além dos tradicionais empréstimos, o ABC quer fortalecer a área de banco de investimento, estruturando operações de renda fixa, como debêntures, renda variável e assessoria em fusões e aquisições. Em 2011, o banco teve R$ 14,5 milhões de receita com essa área.
O alvo do ABC são as transações feitas por empresas de médio porte, com faturamento anual entre R$ 100 milhões e R$ 500 milhões. “É um público que hoje não é atendido pelos bancos de investimento, que focam mais as grandes companhias”, afirma José Laloni, vice-presidente de mercado de capitais do ABC. Um novo setor já foi estruturado no banco para atender apenas as empresas do setor imobiliário, com a contratação de Luciano Gualiardi, ex-vice-presidente financeiro da Rodobens.
Para atrair investidores para os papéis de renda fixa, o ABC pretende se valer da baixa inadimplência de sua carteira, de 0,57%. “Não vamos oferecer a aplicadores nenhum risco que não tenhamos em nosso balanço”, afirma Laloni.
Fonte: Carolina Mandl, Valor Economico