BC já sabia do problema do Panamericano em julho, diz Meirelles
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse nesta quinta-feira (25), em reunião com analistas do mercado financeiro em São Paulo, que a autoridade monetária já tinha informações sobre o problema envolvendo o Banco PanAmericano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de julho. “No final do primeiro semestre, o BC já tinha informações de que existia um problema no sistema financeiro. Que existia inconsistência contábil entre as posições consolidadas dos bancos cedentes e a dos cessionários e que o BC demorou um certo período de tempo para ir fazendo uma pesquisa de fiscalização de campo instituição a instituição, contrato a contrato, até dimensionar o valor real do problema que se chegou aos R$ 2,5 bilhões e pouco e que estava concentrado em um banco só. Pois bem, o problema foi resolvido no devido tempo”, afirmou o presidente do BC.
Na reunião, Meirelles disse ainda que, em audiência nas Comissões de Acompanhamento Econômico e de Justiça do Senado nessa semana, ele tratou da evolução do caso Panamericano, mas não discutiu o fato de o BC saber da crise do banco já em julho. “Tem um aspecto relevante de política monetária, isso que não foi objeto de discussão (nas comissões), mas acho relevante para este grupo”, disse Meirelles.
Segundo Meirelles, “é relevante, do ponto de vista de política monetária, que o BC já tinha a informação sobre o problema do Panamericano para o Copom de julho e setembro”. “Não se sabia, no entanto, a dimensão do problema e quantas instituições estavam envolvidas, mas se sabia que tinha um problema potencial e que, portanto, era um risco importante para as condições de crédito futuras, dependendo de como fosse equacionado o problema e como fosse dimensionado”, afirmou.”Felizmente foi dimensionado a tempo e a hora e equacionado a contento. Agora é importante chamar a atenção para o fato de que BC muitas vezes dispõe de informações que não são, necessariamente, divulgadas para o mercado”, explicou Meirelles.
Na reunião, Meirelles discorreu sobre os vários aspectos e hipóteses de trabalho que definem as decisões do Copom nas suas tomadas de decisões de política monetária, mas fez questão de enfatizar as condições de crédito como uma variável definidora de taxa de juros. “Uma das conclusões que eu acho importante e interessante e gostaria de colocar diz respeito às condições de crédito. A maior parte dos modelos não incorporavam, antes da crise, as condições de crédito, na medida que elas podem funcionar, em alguns momentos, em uma direção ou outra, como em 2008”, afirmou Meirelles.
As afirmações da autoridade monetária foram disponibilizadas em vídeo na página do Banco Central, na internet. A assessoria de imprensa do BC esclareceu à Agência Estado mais cedo que a reunião com economistas não tem sessão de perguntas e respostas.
Fonte: Francisco Carlos de Assis, da Agência Estado