BB e Correios querem criar uma nova instituição financeira
A parceria entre o Banco do Brasil (BB) e os Correios tem por objetivo a criação de uma nova instituição financeira, que “permitirá ampliar o portfólio de produtos e serviços oferecidos aos clientes do Banco Postal, além de gerar mais sinergia e eficiência à operação”. A explicação foi divulgada pela assessoria de imprensa do BB após fato relevante, que anunciou a negociação nesta segunda-feira.
“A implantação do novo modelo permitirá ao Banco Postal ampliar seu portfólio e estabelecer parcerias para que seus clientes acessem novos produtos e serviços, tais como outras linhas de crédito, seguros, capitalização, cartões pré pagos, consórcios, crédito rural, entre outros”, informou a assessoria do banco estatal.
Os estudos entre BB e Correios para criar um novo modelo de parceria no Banco Postal colocará fim à concorrência entre os bancos para explorar as agências dos Correios, informou Cléucio Nunes, vice-presidente dos Correios.
Segundo o executivo, um modelo societário é mais atrativo para os Correios, já que permite a perenidade no negócio. Cada acionista deve ter 50% da nova empresa. Pelo desenho atual do Banco Postal, a cada cinco anos os Correios realizam uma concorrência entre os bancos baseada no maior valor oferecido para explorar sua rede.
“Não temos dúvida de que a parceria é muito mais vantajosa do que o processo seletivo”, diz Nunes.
Um dos pontos que levaram Banco do Brasil e Correios a discutirem o novo modelo se deve à baixa retenção da clientela dentro do Banco Postal. O Banco do Brasil assumiu as agências dos Correios em 2012, depois de o Bradesco ter mantido esse contrato por dez anos.
Desde então, o Banco do Brasil conseguiu 2,2 milhões de clientes via Banco Postal, mas a retenção de clientes que era do Bradesco foi baixa. “É um modelo frágil. O banco anterior reteve seus clientes”, diz Alexandre Abreu, vice-presidente do Banco do Brasil.
Mesmo assim, o Banco do Brasil afirma que em cinco anos o investimento feito no Banco Postal se pagaria, mesmo sem a inclusão de novos produtos dentro da sociedade que está sendo discutida. “Está dando certo, por isso discutimos a ampliação do negócio”, afirma Abreu.
Até meados do próximo ano, o Banco do Brasil deve encerrar os estudos para a nova sociedade com os Correios. Segundo o BB, “estudos preliminares já realizados apontam a viabilidade, atratividade econômica e aderência estratégica do novo modelo. A conclusão dos estudos deve ocorrer no segundo semestre de 2014”.
O plano inicial é que o novo Banco Postal utilize as estruturas e os conhecimentos já existentes do BB e dos Correios, o que reduziria o volume de investimento necessário para expansão da rede física de atendimento do BB, bem como aqueles relativos à própria parceria.
Os Correios têm mais de 6 mil agências próprias, sem incluir as franqueadas. Com o acordo, o BB passaria a operar também nas franquias. A instituição postal está presente em 100% dos municípios brasileiros. Na atual operação com o Banco Postal, o Banco do Brasil passou a estar presente em 95% dos municípios brasileiros. Antes, só estava em 50% deles.
No comunicado, o BB lembra que a parceria atual tem natureza operacional regida por regulamentação específica de correspondente, o que restringe a ampliação dos negócios.
A concretização do novo modelo entre o BB e os Correios dependerá ainda das autorizações regulatórias do Banco Central, Cade e dos ministérios da Fazenda, das Comunicações e do Planejamento, entre outros.
No comunicado, o BB explica que a consideração de uma mudança no modelo de negócios entre as duas organizações só é possível dada a promulgação da Lei 12.490, de 16 de setembro de 2011, que permitiu aos Correios participar de empresas e desenvolver serviços financeiros.
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