Bancos mantêm expansão do crédito e lucros robustos
Os bancos continuarão a apresentar resultados robustos nesta safra de balanços do terceiro trimestre, de acordo com as projeções de analistas de mercado. Embora as despesas com provisões para devedores devam parar de cair e começar a mostrar certa estabilidade, a expansão do crédito, em torno de 5% a 6%, vai ajudar a manter a qualidade das carteiras e pode até elevar os índices de rentabilidade das instituições.
A temporada começou oficialmente ontem com o anúncio do Daycoval. O banco apresentou lucro líquido de R$ 85 milhões, alta de 102,4% em relação ao terceiro trimestre de 2009. A carteira de crédito acumulou saldo de R$ 5,55 bilhões, em setembro, expansão de 46,7% em 12 meses. A maior contribuição veio do segmento de pequenas e médias empresas, cujo estoque de crédito aumentou, no mesmo período, 73%. “Só no terceiro trimestre, contratamos 30 gerentes para atender a área”, conta Morris Dayan, diretor executivo do Daycoval, para quem o chamado “middle market” será, nos próximos 12 meses, a modalidade que mais ganhará espaço. “Vamos crescer onde estão as melhores margens.”
Dentre os grandes bancos de varejo, o Bradesco divulga hoje seu resultado do terceiro trimestre, seguido, amanhã, pelo Santander. Na quarta-feira, 3 de novembro, é a vez do Itaú Unibanco e, no dia 16, do Banco do Brasil (BB).
Regina Longo Sanchez, chefe de análise do setor de bancos e serviços financeiros da Itaú Securities, projeta um lucro líquido de R$ 2,535 bilhões para o Bradesco, crescimento de 41,2% em relação ao terceiro trimestre de 2009. Para o BB, a estimativa é de lucro líquido de R$ 2,361 bilhões (alta de 33,8% em 12 meses), e, para o Santander, de R$ 1,537 bilhão (avanço de 21,5%). Fernando Salazar, analista da Fator Corretora, calcula para o Itaú Unibanco lucro líquido de R$ 3,374 bilhões, aumento de 25,6%.
O desempenho do setor será impulsionado pela oferta de crédito. A tendência de melhora na qualidade dos ativos permanece. Regina, da Itaú Securities, estima que as despesas dos bancos com provisões para créditos de liquidação duvidosa se mantenham praticamente inalteradas no terceiro trimestre.
Como o aumento de inadimplência verificado ao longo de 2009 foi revertido pelos bancos, em grande parte, no segundo trimestre, esse comportamento não preocupa. “Conseguir estabilidade mesmo com crescimento de carteira já é uma boa notícia”, observa ela.
A exceção, nesse quesito, deve ficar por conta do Santander. A expectativa é de queda de 2,5% das despesas de provisões para empréstimos em atraso. O banco de capital espanhol deve apresentar ainda uma expansão da carteira de crédito superior à de seus concorrentes, estimada por Regina em 5,2%. Tal desempenho reflete, em boa medida, a modesta atuação do Santander no crédito ao longo de 2010, abaixo da média de mercado.
Os investimentos em expansão de suas redes de agências e os impactos da negociação do dissídio salarial dos bancários devem, por outro lado, aumentar as despesas administrativas dos grandes bancos de varejo.
Mas os custos de crescimento orgânico podem ser compensados, em parte, pelas margens financeiras dos bancos, que devem ser destaque positivo nos balanços do terceiro trimestre. “Acreditamos que elas tenham sido beneficiadas pelo aumento dos spreads das operações de crédito”, avalia Salazar, da Fator Corretora, em relatório. O spread bancário registrou alta de 0,6% no terceiro trimestre, de acordo com a última pesquisa do Banco Central (BC), divulgada ontem.
Para Bradesco, Salazar estima um aumento de 4,2% da margem financeira; para Itaú, de 5,7%; e para Banco do Brasil, um pequeno aumento de 1,4%. Regina, da Itaú Securities, prevê um crescimento menor da margem financeira do Bradesco, de 2,3%, enquanto sua projeção para Banco do Brasil é bem maior, de 4%. Ela lembra que a recente oferta de ações feita pelo BB, que adicionou R$ 7 bilhões à sua posição de caixa, deve impulsionar esse indicador do banco estatal. Para Santander, Regina aposta também em um crescimento de 4% da margem financeira.
Fonte: Aline Lima, Valor Economico