Bancos europeus ameaçam gerar nova crise financeira global, alerta FMI
Os bancos europeus ameaçam gerar uma nova crise financeira global à medida que reduzem seus balanços em mais de US$ 2 trilhões até o fim do ano, alertou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta quarta-feira.
Sem uma cuidadosa supervisão das autoridades da zona do euro, as possíveis consequências de uma redução sincronizada e em larga escala dos portfólios dos bancos podem “afetar seriamente os preços dos ativos, a oferta de crédito e a atividade na Europa e além”, segundo relatório do Fundo.
O FMI elencou uma série de políticas que julga necessárias para evitar o pior cenário, incluindo mais apoio de bancos centrais, expansão do uso de fundos de emergência regionais para aplicação em bancos e aceleração das reformas do setor financeiro.
Sem ações das autoridades da zona do euro, o Fundo diz que a Europa ameaça forçar uma venda internacional de ativos de bancos, com a redução rápida de seus balanços em estimados US$ 3,8 trilhões. Além de uma contração do crédito e da retomada dos riscos de default na zona do euro, isso poderia detonar uma reação em cadeia pelo globo.
“Por meio dos mercados derivativos, o estresse poderia ser transmitido para os bancos americanos, mesmo que a exposição direta deles aos bancos e títulos soberanos europeus seja relativamente pequena”, acrescentou o FMI.
O FMI baseou seu último relatório de estabilidade financeira global numa análise dos 58 maiores bancos da zona do euro, incluindo Deutsche Bank, Banco Santander e BNP Paribas.
O relatório ajudará a balizar as discussões entre ministros de Finanças e banqueiros centrais nas reuniões de primavera do FMI e do G-20.
Segundo o FMI, dezenas de bancos estudados já tornaram públicos os planos de reduzir seus portfólios em cerca de US$ 2 trilhões até 2013. No último trimestre do ano, o Fundo estima que os bancos já cortaram US$ 580 bilhões de seus balanços.
Os bancos precisam desinflar seus portfólios por uma série de razões. Muitos ainda têm muitos ativos arriscados e colchões de capital muito pequenos para cobrir perdas potenciais. Esse movimento ocorre à medida que muitos bancos estão tentando lidar com suas exposições a economias fracas e elevadas exigências de refinanciamento.
“Embora alguma desalavancagem seja inevitável e desejável, seu impacto preciso depende da natureza, do ritmo e da escala das vendas de ativos”, alertou o Fundo.
No curto prazo, o FMI afirmou que mais ação do BCE do que o banco central tem dito que quer – incluindo taxas de juros mais baixas e empréstimos mais baratos – está provavelmente garantida.
O FMI disse ainda que a maioria dos mercados emergentes pode lidar com um encolhimento moderado dos balanços de bancos europeus. Mas alertou que “sua resiliência pode ser testada num cenário de baixa, notavelmente na Europa emergente”.
(Dow Jones Newswires)
