Faculdades elevam provisão para calote
A inadimplência, que já é alta no ensino superior, se intensificou nos últimos meses. “Várias faculdades estão reclamando que houve aumento na inadimplência”, diz Ryon Braga, sócio da Hoper, consultoria especializada em educação. Dois grandes grupos educacionais, a Estácio e a Kroton, aumentaram suas provisões para débitos duvidosos por causa de falta de pagamento.
A Estácio provisionou, no primeiro trimestre, R$ 14 milhões, o que representa 4,2% da receita líquida da companhia. Porém, no mesmo período do ano passado, esse percentual era de apenas 1,8%. “Em 2010, os bancos deram muito crédito para compra de bens duráveis e agora as pessoas estão endividadas. Como não podemos cancelar a matrícula de alunos inadimplentes e o juro por atraso no setor de ensino é de apenas 1% ao mês, muitas pessoas simplesmente deixam de pagar a faculdade”, disse Rogério Melzi, presidente da Estácio.
“Estamos mais rígidos nas negociações das parcelas em atraso. A dívida não pode ser superior a cinco vezes o valor da mensalidade. Além disso, só dividimos em cinco vezes e de preferência no cartão de crédito”, acrescentou Melzi.
A Kroton também aumentou sua provisão para débitos duvidosos de 5,7% para 6,5% sobre a receita líquida nos primeiros trimestres para os alunos que não tem Fies. “Não tivemos inadimplência, mas fizemos esse reajuste prevendo que pode haver um aumento nos atrasos das mensalidades diante do atual cenário econômico. Foi uma medida conservadora”, explicou Rodrigo Galindo, presidente da Kroton.
Várias faculdades, como Estácio e Kroton, têm se esforçado para que os alunos inadimplentes passem a pagar seus respectivos cursos por meio do Fies, financiamento estudantil. “Hoje, 33% dos nossos alunos têm Fies e a provisão para esse público é de apenas 2,25%”, enumerou Galindo. “Neste começo de ano, estamos sentindo uma inadimplência menor porque os alunos com problemas financeiros estão migrando para o financiamento”, complementou Melzi.
“O Fies está crescendo, mas ainda há burocracias e muitos alunos não conseguem o financiamento e ficam inadimplentes. As instituições precisam fazer um acompanhamento de perto e ajudar o aluno a fechar o contrato do Fies”, alertou Braga, da Hoper.
A Anhanguera, maior grupo de ensino superior, não registrou aumento de inadimplência.
Fonte: Beth Koike, Valor Economico