Mudança nas regras contábeis: BMG tem prejuízo de R$ 580 milhões em 2012
Não foi um ano fácil. Mudança nas regras contábeis, despesas com operações de hedge (proteção financeira) e reforço no colchão para perdas com crédito levaram o banco mineiro BMG a encerrar o ano passado com um prejuízo de R$ 580 milhões, em contraponto ao lucro líquido de R$ 522 milhões de 2011.
Só a despesa com provisão para calotes cresceu R$ 368,2 milhões no ano, para R$ 867,4 milhões. É uma alta de 60,7% na comparação com 2011, em meio a um reforço que o BMG fez na metodologia para perdas com crédito consignado. Outros R$ 230 milhões vieram de hedge para proteção contra variação de juros e câmbio. Parte do resultado também foi afetada por novas regras contábeis. Desde 2012, os bancos não podem registrar de forma antecipada o lucro da venda de crédito para terceiros.
“Passamos por um freio de arrumação”, diz Antonio Hermann, presidente do BMG, escalado pela família Pentagna Guimarães, controladora da instituição, para profissionalizar o banco no fim de 2012. “Tivemos um resultado que era mais ou menos esperado. O importante é a perspectiva.”
Os dias melhores no radar de Hermann estão associados à parceria fechada com o Itaú em julho de 2012. Ambos viraram sócios no Itaú BMG Consignado, nova instituição, da qual o Itaú tem 70%.
Boa parte dos custos do BMG migrará para o novo banco. Dos 600 funcionários, 150 passarão para o Itaú BMG quando o banco estiver operando a todo vapor, algo previsto para meados do ano.
O maior alívio que o BMG tem ao se aliar ao Itaú vem do custo de captação de recursos. Para gerar operações de crédito, o Itaú BMG vai se apoiar no funding do maior banco privado de varejo do país, de custo bem inferior.
Fora isso, desde julho do ano passado, o BMG já conta com uma linha rotativa de R$ 3,5 bilhões que o Itaú colocou à disposição do banco mineiro por cinco anos.
É principalmente essa linha, somada ao funding resultante da venda com coobrigação (em que continua responsável pelo risco) de R$ 10 bilhões em empréstimos, que permitiu ao BMG o crescimento do estoque de crédito retido em seu balanço. O banco encerrou 2012 com R$ 18 bilhões que geram resultado em seu balanço, alta de 62%. O volume cedido a outros bancos caiu pela metade, para R$ 9 bilhões. O resultado foi uma queda de 6,7% na carteira total. Hermann avalia que o Itaú BMG levará o banco mineiro de volta ao azul em breve. “Teremos ajustes, mas já será bem melhor do que 2012.”
Enquanto o Itaú BMG não é totalmente operacional, os créditos estão sendo em boa parte gerados dentro do BMG, que depois os revende ao Itaú BMG. No primeiro trimestre, foram gerados R$ 2,3 bilhões e a expectativa é que a parceria resulte até o fim do ano em R$ 3,6 bilhões por trimestre.
Novos executivos também estão sendo trazidos ao BMG. Marco Antunes saiu do Itaú para ficar responsável pela controladoria.
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