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Barclays prepara reestruturação e tenta melhorar imagem desgastada

O novo comandante do Barclays prometeu agir rápida e corajosamente no sentido de reformar o banco impactado por escândalos, sinalizando uma possível redução em sua atividade como banco de investimentos ao assumir a missão de reformular uma cultura que a agência regulamentadora competente tem criticado como demasiado agressiva.

O presidente-executivo Antony Jenkins, nomeado há 11 dias para restaurar a reputação do quarto maior banco britânico após uma série de escândalos, precisará ser um malabarista para tranquilizar os executivos de seu banco de investimentos, que gera mais da metade dos lucros do Barclays, e ao mesmo tempo reequilibrar as operações do grupo. Ele disse que a atividade de banco de investimentos tem um lugar central no grupo, mas acrescentou que eliminará ou enxugará atividades que consumam muito capital, que sejam demasiado arriscadas ou causem danos à reputação da companhia. “Acredito firmemente que uma franquia de primeira linha atuante como banco de investimentos fará parte dele [do banco]”, disse Jenkins a analistas em uma teleconferência, apresentando os mais fortes indícios até agora de como ele irá moldar o Barclays.

Mas ele prometeu mudar as áreas do banco que são ineficientes ou exibam desempenho abaixo do esperado e “mover-se rapidamente e ser ousado”. “Como podemos usar nosso capital, como podemos alocá-lo em áreas que proporcionarão um retorno sustentável com a credibilidade reputacional que buscamos praticar?”, questionou ele. Jenkins recusou-se a divulgar detalhes sobre seus planos, dizendo que os detalhará no começo do ano que vem, após ter feito análises de cada área, baseadas no capital consumido, retorno gerado, custos, estrutura e níveis salariais.

Tendo em vista que os concorrentes também estão encolhendo suas atividades de banco de investimentos, analistas dizem que a questão fundamental é com que agressividade Jenkins reduzirá uma divisão de “investment banking” que gera mais da metade do lucro da instituição.

“Acredito que veremos uma gradual redução do foco em operações como banco de investimentos e uma realocação de capital para outras atividades”, disse o analista Gary Greenwood, na corretora Capital Shore. Jenkins, de 51 anos, está buscando estabilizar o banco e trabalhar com investidores, políticos e agências regulamentadoras, que muitas vezes se irritaram frente à abordagem impetuosa de seu antecessor, Bob Diamond. “É evidente que cometemos alguns erros graves nos últimos anos e que não conseguimos acompanhar o ritmo das expectativas de todas as partes envolvidas com a companhia. Mas temos uma tremenda oportunidade para mudar o Barclays”, afirmou o executivo. Ele disse ainda que sob sua liderança o banco ficará “equilibrado, assumirá menos riscos e será mais previsível”, mas alertou para que não se esperem mudanças dramáticas. “Vocês não devem esperar que eu anuncie um fracionamento do banco ou que abandonemos linhas inteiras de negócios.”

“Há muito trabalho a ser feito para reposicionar o grupo. Nossa visão é que serão necessários alguns anos para conseguir isso, provavelmente dois a três anos para a execução integral do plano”. Outras partes do banco sob reavaliação são suas deficitárias operações varejistas e de atendimento a empresas europeias na Espanha, Portugal, Itália e França. Tentativas, no ano passado, de vender algumas partes do banco não encontraram interessados e alguns analistas acreditam que serão descontinuadas. Também no topo da agenda de Jenkins está uma decisão sobre em que medida deverá ser reformulada a equipe de gestores do banco, impactada por uma multa recorde superior a US$ 450 milhões em junho por manipular a taxa Libor. A investigação sobre a manipulação dos juros trouxe de novo à tona preocupações da agência regulamentadora financeira britânica diante da cultura da instituição sob a gestão de Diamond, que se demitiu devido ao escândalo. Chris Lucas, diretor financeiro desde 2007, é quem está sob as maiores pressões, após críticas da agência competente. Ele também foi citado como sendo uma das quatro pessoas sob investigação da agência fiscalizadora sobre uma captação de recursos de investidores do Catar, quatro anos atrás.

Jenkins poderá também buscar remover os executivos que eram próximos a Diamond, como Rich Ricci, diretor de investment banking, e Tom Kalaris, diretor de gestão de fortunas. Levando em conta a mudança de cultura que Jenkins precisará implementar, uma reestruturação da gerência sênior é extremamente provável. “Minha percepção sobre o momento oportuno [para as mudanças] é que as pessoas vão querer ver alguns sinais de alterações acontecendo antes do fim do ano”, disse um dos 25 maiores acionistas do banco.

A instituição também foi apanhada num escândalo envolvendo venda enganosa de seguros. O Barclays não quis fazer comentários. Jenkins também precisa nomear alguém para seu antigo posto, de comando das atividades bancárias de varejo e de atendimento a empresas, o que ele deverá fazer no próximo mês, e decidir se preencherá um cargo vago de executivo-chefe operacional.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.